A CULTURA DA MORTE E DO DESCARTE
Desde o caso do aborto de Recife, de um bebê com mais de cinco meses, assassinado com cloreto de potássio, quando a interrupção da gravidez poderia ter sido evitada. Parte da grande mídia vem manipulando o caso, de comoção nacional, para induzir a opinião pública a uma maior aceitação da prática do aborto em nosso País. Faz parte da estratégia dos promotores do aborto em se utilizar de casos polêmicos, para fazer avançar o propósito de alterar a legislação existente, para alargar as possibilidades de aborto. O que eles querem é que cada vez mais o Judiciário na instância maior (Supremo Tribunal Federal) inclua outras exceções de não punibilidade previstas no Código Penal, para fazer como ocorreu nos Estados Unidos, aonde o aborto foi legalizado, até o 9º mês, em alguns estados norte-americanos. Atualmente está para ser votada no STF a ADPF 442, que pretende estender a não punibilidade do aborto até o 3º mês.
O que estamos vendo é crescer entre os profissionais do Direito e da Saúde, uma mentalidade relativista, de positivismo jurídico, que não leva mais em conta os princípios e valores que garantem a dignidade da pessoa, à luz do direito natural. Relativismo e positivismo jurídico, esse que tem levado grande parte da mídia a defender uma concepção puramente utilitária, desprezando assim o valor da vida humana. Quando uma sociedade vai aceitando matar bebês no ventre materno, como algo natural, então vamos perdendo, aos poucos, o valor e o sentido da vida, daí a barbárie crescente na sociedade, com o aumento de toda forma de violência e abusos.
É preciso, portanto que afirmemos o valor da vida humana, a cultura da vida, para evitar a avalanche da cultura da morte, que ataca também a convicção religiosa das pessoas. Vemos gente que ataca aqueles que saíram em defesa do bebê, acusando-os de fundamentalistas. Por outro lado, muitos se indignaram com a frieza e crueldade com que foi assassinato o bebê com quase seis meses, se utilizando de uma situação difícil, que poderia ter tido uma melhor solução, salvando as duas vidas. Temos que prosseguir afirmando sempre o valor da dignidade da pessoa humana, em todas as fases, desde a concepção até a morte natural, atuando sempre em defesa da vida.
Valmor Bolan é Doutor em Sociologia. Professor da Unisa. Ex-reitor e Dirigente (hoje membro honorário) do Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras. Pós-graduado (em Gestão Universitária pela OUI-Organização Universitária Interamericana) com sede em Montreal-Canadá.