A VOLTA DAS AULAS PRESENCIAIS
Ao contrário do que se pensava, que a pandemia logo passaria, voltando tudo à normalidade, o ano começou com aumento de casos, noticiados pela imprensa. Enquanto países europeus já começaram uma vacinação em massa, o Brasil ainda continua imerso em controvérsias, com a politização da pandemia, colocando o presidente Jair Bolsonaro em rota de colisão com o governador João Dória. A gestão da maior crise sanitária de todos os tempos, fez Bolsonaro e João Dória anteciparem a campanha presidencial de 2022, cada um fazendo suas apostas, nesse campo. Enquanto o debate se acirra sobre metodologia e prioridades no combate à pandemia, o papa Francisco foi vacinado, em 13 de janeiro, no Vaticano, denunciando o que ele chamou de “negacionismo suicida”, dos que fazem questionamentos sobre as medidas adotadas no enfrentamento da covid 19. Em meio a tudo isso, começamos o ano com o agravamento da crise, que pode ainda afetar a todos. E as escolas, como ficarão?
Em São Paulo, o governador João Dória anunciou, em 17 de dezembro de 2020, que as escolas estarão abertas em 2021, mesmo se houver aumento dos casos de covid 19, com as fases mais restritivas das flexibilizações das medidas no estado de São Paulo. O próprio Secretário Estadual de Educação e o Centro de Contingência de São Paulo, que assessora cientificamente João Doria, orientaram para que haja a volta gradual das aulas presenciais neste ano. O Governador João Dória explicou: “O retorno ocorrerá de forma regionalizada conforme critérios de segurança estabelecidos pelo centro de contingência da Covid-19. A decisão para manter escolas abertas é embasada em experiências internacionais e nacionais que tem por objetivo garantir a segurança dos alunos, dos professores e dos funcionários da rede pública e privada de ensino em todo estado de São Paulo, têm também por objetivo o desenvolvimento cognitivo e socioemocional de milhões de crianças e adolescentes no estado de São Paulo”.
Adotando as medidas preventivas necessárias, é importante que as aulas sejam retomadas, pois os danos às crianças, adolescentes e jovens, por mais um ano perdido, seriam enormes. Não apenas os alunos, mas também professores e demais profissionais da Educação sofreriam com mais um ano de paralizações das atividades, pois ainda as maiorias das escolas, principalmente públicas, não estão devidamente preparadas para o ensino on line. Não há equipamentos e tecnologia para que todos possam fazer bom proveito das possibilidades do ensino à distância, em grande parte dos Estados brasileiros. O Governo de São Paulo disponibilizou a alunos e professores milhares de computadores para viabilizar o ensino presencial e o paralelo ensino à distancia(EAD). Mesmo assim, sabemos que tais tecnologias podem ajudar no processo educacional, mas não podem substituir o importante contato pessoal entre professores e alunos, mormente no Ensino Básico, fundamental para uma interação que propicie uma educação de valorização da vida. Esperamos que com o retorno das aulas presenciais, cada um possa dar a sua contribuição para a superação dos desafios atuais.
Valmor Bolan é Doutor em Sociologia. Professor da Unisa. Ex-reitor e Dirigente (hoje membro honorário) do Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras. Pós-graduado (em Gestão Universitária pela OUI-Organização Universitária Interamericana) com sede em Montreal-Canadá.