Psicologia

Adoção: da gestação e parto afetivo na Adoção Tardia (Parte II-Final)

Uma criança com mais de 3 anos inevitavelmente necessitará de tempo para aprender a ser o filho que os adotantes teriam criado que a houvesse parido. Os adotantes, que não foram pela sociedade preparados para receber e tolerar uma criança malcriada (no verdadeiro e mais cruel sentido da palavra) nas suas proximidades e menos ainda em sua própria casa, ficam completamente desconcertados e sem ação nos primeiros momentos de uma adoção tardia.

Principalmente por que a criança, durante os pouquíssimos encontros anteriores à guarda provisória, se demonstrou um anjo de candura e educação, e agora de mostra o mais terrível dos monstrinhos.

O sonho em confronto com a realidade é destruído e a vontade de desistir de tudo não é um sentimento raro para os novos pais.

Assim, é importante que os adotantes somente mudem seu perfil para adoção tardia (3 ou mais anos) se esta for uma alteração que se iniciou dentro de seus corações e razão, após um necessário período de reflexão e estudo sobre como será este filho que chegou tarde à sua verdadeira família.

Para isso é indispensável que os adotantes participem de grupos de apoio à adoção antes, durante e após uma adoção tardia e sempre peçam ajuda para o período de adaptação.

Para que esta adoção seja o mais tranquila possível, desde o início, é necessário que os adotantes segurem sua ansiedade e resistam à vontade de trazer a criança o mais rapidamente possível para casa.

 A criança precisa de tempo para conhecer os adotantes e eles devem compreender que quando pedem para ir com eles para casa elas não sabem exatamente o que representa ir para uma nova família. Elas apenas querem ter a chance de ter um pai e uma mãe, mas não sabem nem compreendem exatamente o que isso representa para a vidinha delas.

Os adotantes também precisam de tempo para se prepararem afetivamente e à seu lar para receber este novo membro estranho e incompreendido.

O filho que chegará não saberá se comportar, usará termos chulos, será malcriado, mentirá muito, mal saberá ler e escrever, tratará os adultos não familiares com uma intimidade desconcertante, causará problemas na escola (brigas com os coleguinhas, roubo de material escolar alheio, desobediência dos professores, etc). Os novos pais já devem estar preparados para estes comportamentos, compreendendo suas causas, a brevidade de sua duração e como lidar com eles sem maiores estresses.

Eles perceberão o quando o fato de compreenderem o que esperar e como agir facilitará a mútua adaptação!

Os novos pais em adaptação precisam de apoio e acompanhamento. De preferência por um profissional da psicologia. Este psicólogo deverá acompanhar pais e filhos durante no mínimo seis meses, sendo o ideal pelo menos um ano.

Os grupos de apoio podem ser de grande ajuda, pois é um momento onde os adotantes terão contato com outros pais que passam ou já passaram pelas mesmas ou similares experiências. Assim, nada de sumir dos grupos de apoio, mesmo que virtuais, quando as crianças chegam: esta é a hora em que eles são até mais importantes.

É nos grupos de apoio que se descobre que grande parte do que se passa é normal até para crianças paridas e que a pequena parte que não é de praxe para qualquer criança pode ser trabalhada sem maiores estresses e que com o tempo melhorarão e tudo será mais tranquilo e feliz.

Fonte: Rosana Ribeiro da Silva

Francieli Franzoni Melati

Francieli Franzoni Melati Psicóloga – CRP 08/9543 Francisco Beltrão - PR