Psicologia

Amor que maltrata

Em várias ocasiões discute-se as dificuldades inerentes à relação a dois, os conflitos gerados pela falta de comunicação ou inadequação da mesma e as diferenças individuais que assola a vida dos casais.

Entretanto, mesmo compreendendo estas dificuldades fica difícil entender porque algumas pessoas insistem em relacionamentos dolorosos, amores que trazem mais dor que prazer.  O ser humano é dotado de uma alta capacidade de adaptar-se e isso faz com que nos acostumemos com o sofrimento: quando o sofrimento aparece gradualmente a resistência a ele é aumentada e acontece a adaptação. O indivíduo habitua-se a um relacionamento sem pontos positivos, só com sobrecargas.

Quando percebemo-nos em relacionamentos desse tipo, é necessário fazer uma análise do que temos de positivo em nossa vida, além do nosso “amor” e perceber outras fontes geradoras de prazeres, como amigos, esportes, lazer com outras companhias e compreender nossa forma de relacionar (isso às vezes requer ajuda profissional, pois nem sempre é fácil).

De qualquer forma, para solucionar os problemas do casal é necessário que as bases do relacionamento conjugal sejam restabelecidas, é isso só é possível se a comunicação é retomada de forma adequada.

A comunicação é feita através de palavras, estas palavras ao utilizadas largamente pelo ser humano, mas nem sempre de forma adequada, já que esquecemos do poder de uma simples palavra, por isso é necessário utilizar outra capacidade do ser humano antes de falar, o pensar.

Além de saber escolher as palavras corretas, a pessoa precisa ser assertiva para saber se comunicar. Ser assertivo é ter a capacidade de transmitir ao outro o que quer, pensa e sente, de maneira eficaz, ou seja, de forma que ele realmente compreenda. Para saber falar precisamos saber ouvir e respeitar o espaço do outro, dando espaço para que este também se comunique.

A comunicação também é feita através de atos e isto acaba gerando sérios conflitos: fala-se uma coisa e faz-se outra. Falar que se preocupa é uma coisa, demonstrar preocupação é outra.

Ter interesses diferentes não é, em si só, um problema. O problema é estabelecido quando o casal não sabe contornar esta divergência e viver bem. “Não brigar não pode ser entendido como viver bem. Brigar não pode ser entendido como viver mal.” (Otero, Vera, 2003).

“O mudo é grande e cabe

nesta janela sobre o mar.

O mar é grande e cabe

Na cama e no colchão de amar.

O amor é grande e cabe

No breve espaço de beijar”.

(Carlos Drummond de Andrade).

Francieli Franzoni Melati

Francieli Franzoni Melati Psicóloga – CRP 08/9543 Francisco Beltrão - PR