Psicologia

Paternidade: um exercício diário

Até pouco tempo atrás pouco se falava do papel do pai, além do provedor dentro da família. O envolvimento paterno vem aumentando gradativamente nas últimas décadas e os pais atualmente procuram estabelecer com os filhos uma ligação mais forte, para isso conquistam seu espaço na rotina de criação dos filhos.

Tanto isto é verdade que não há mais de se falar em “ajudar” a esposa com os filhos; o termo ajuda pressupõe que o papel de criar e educar os filhos seria da mulher e isso, nos dias atuais é impensável. O que se percebe nas famílias é uma divisão de tarefas em todos os aspectos, inclusive na vida dos filhos.

A integração do pai com o filho é um vínculo construído durante toda a convivência, por isso, a presença e o efetivo envolvimento emocional são comportamentos fundamentais para o fortalecimento desta papel.

Uma das caracterizações de envolvimento paterno mais bem definida e mais aceita e utilizada pela literatura internacional foi proposta por Lamb, Pleck,Charnov e Levine (1985), que sugeriram três aspectos de avaliação do envolvimento paterno: interação, acessibilidade e responsabilidade.

A interação refere-se ao contato direto com o filho em cuidados e atividades compartilhadas; acessibilidade à disponibilidade – física e psicológica – para a criança, possibilitando a ocorrência de interações; e responsabilidade diz respeito ao papel que o pai exerce, garantindo cuidados e recursos para a criança, providenciando, por exemplo, a contratação de uma babá, a marcação de uma consulta com o pediatra ou a compra de roupas e alimentos. Ainda inclui ansiedade, preocupações e planejamentos que fazem parte da parentalidade.

A parentalidade é um comportamento que necessita de preparação e aprendizagem; isso inicial desde o planejamento da gravidez até o completo envolvimento com os aspectos da vida da criança. “ Ninguém nasce mãe ou pai; a parentalidade só se constitui como tal pela possibilidade de reciprocidade de alguém tornar-se filho. Assim, o conceito de parentalidade está baseado no desempenho de funções e papéis parentais, isto é, na experiência de ser pai ou mãe, e não no parentesco em si mesmo (Vasconcellos, 1998) ”. As funções parentais se alteram ao longo do tempo do desenvolvimento dos filhos, passando de exigências relativamente simples para outras de maior relevância. Elas não são estáticas, ao contrário, são processos em desenvolvimento, orientados pelas necessidades das crianças, pela sociedade e pelas crenças e mitos familiares.

As funções parentais constituem alicerces para autonomia e construção da identidade de cada membro da família. Elas têm por objetivo desenvolver e proteger os membros de uma família, bem como socializar, adequar e transmitir a cultura.[1] A falta de uma boa prática parental, interfere negativamente no desenvolvimento dos indivíduos, uma vez que limita as interações e as relações.

Gomide (2003) aponta a importância da qualidade da relação parental para o desenvolvimento sócio emocional saudável dos filhos. O baixo envolvimento dos genitores na criação dos filhos constitui um fator de risco, pois aumenta a vulnerabilidade das crianças e adolescentes a eventos ameaçadores.

É de fundamental importância que os pais ofereçam aos filhos um ambiente acolhedor, que inclua um padrão adequado de comunicação, ou seja, pais que ajudem os filhos a identificarem emoções, que forneçam orientações, e que sejam dispostos a conversar com seus filhos.               

Além disso, nunca é demais ponderarmos o quanto os exemplos são centrais naquilo que é ensinado. As crianças aprender com o que veem os adultos fazerem, por isso envolver-se na educação e desenvolvimento é um papel de extrema responsabilidade.

Referências:

SILVA, M.R. e PICCININI, C.A. Sentimentos dpbre paternidade e o envolvimento paterno.

DANTAS, P.L. Paternidade. Disponível em http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/psicologia/paternidade.htm. Acesso em 31/07/2017


Francieli Franzoni Melati

Francieli Franzoni Melati Psicóloga – CRP 08/9543 Francisco Beltrão - PR