Política

AS ELEIÇÕES NORTE-AMERICANAS DE 2020

As eleições norte-americanas de 2020 estão sendo marcadas por grande controvérsia e atipicidade. Pela primeira vez, em 124 anos, um presidente no cargo não cumprimenta o que foi anunciado por toda a mídia como vencedor. Donald Trump não apenas não reconhece a vitória de Joe Biden, como prometeu judicializar o pleito, recorrendo até a  Suprema Corte, para que faça a constatação se houve ou não fraudes. Em 2000 também houve judicialização. Mas o fato é que Trump, de modo algum, aceita o resultado divulgado na imprensa, e espera em 14 de dezembro que os delegados manifestem o voto, enquanto segue a recontagem em alguns estados. O clima é de muita tensão nos Estados Unidos, com o país marcado ideológica e politicamente por intensa polarização. No Brasil, houve silêncio por parte do Itamaraty e mesmo do presidente Bolsonaro, mas também manifestação de congratulações a Biden, por parte de políticos, dentre eles, o Presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia. Mas também se silenciaram, por enquanto, os presidentes do México, Coreia do Norte, Rússia e China, todos justificando que só irão se manifestar após a confirmação oficial, tendo em vista o fato de Trump ter recorrido à Justiça. 

O fato é que as eleições norte-americanas mostram um país dilacerado por divisões internas profundas, e será um grande desafio para o próximo presidente, buscar uma distensão. Os Estados Unidos foi o país mais afetado pela pandemia do novo cononavírus, assim como o Brasil. A polarização ideológica cria dificuldades para ações de convergência nacional, ainda mais num mundo que vê crescer outras forças econômicas, como a China, que desponta para ser um dos gigantes do século. A Rússia também tem que lidar com muitos problemas internos, que ainda não os conseguiu resolver depois da dissolução da União Soviética. A emergência da China assusta a muitos, e também ao Brasil, favorecendo discursos radicais por toda a parte. No começo do mandato do presidente Bolsonaro,  vários deputados federais recém-eleitos foram até a China fazer uma visita, e foram criticados nas redes sociais, de maneira que não tem sido fácil discernir, muitas vezes, o que realmente está acontecendo no cenário geopolítico internacional. 

De qualquer modo, estejamos atentos aos desdobramentos da crise que se instalou nos Estados Unidos após as eleições e esperar o resultado oficial, e os desdobramentos dos questionamentos feitos, para que possamos ter uma melhor compreensão dos fatos. O importante é que haja os devidos esclarecimentos, para que não se comprometam os alicerces da democracia, no País que até então tem sido referência do mundo, quanto à defesa da democracia, da liberdade e da cidadania. As eleições americanas de 2020 poderão deixar lições que em  muito nos poderá  ajudar a evitar problemas em 2022, quando teremos no Brasil, novas eleições presidenciais. Queremos o fortalecimento das instituições democráticas, tão atacadas pelos radicais de todas as cores ideológicas, para que haja segurança jurídica e garantias do livre exercício da cidadania, em constante aprimoramento. Trump não é referência para com  o respeito à democracia.

Valmor Bolan é Doutor em Sociologia. Professor da Unisa. Ex-reitor e Dirigente (hoje membro honorário) do Conselho de Reitores das  Universidades Brasileiras. Pós-graduado (em Gestão Universitária pela OUI-Organização Universitária Interamericana) com sede em Montreal-Canadá.

Valmor Bolan

Valmor Bolan é Doutor em Sociologia. Professor da Unisa. Ex-reitor e Dirigente (hoje membro honorário) do Conselho de Reitores das  Universidades Brasileiras. Pós-graduado (em Gestão Universitária pela OUI-Organização Universitária Interamericana) com sede em Montreal-Canadá.