Psicologia

As emoções em DivertidaMente

Quem é fã de filme de animação, certamente apaixonou-se pelo longa-metragem Divertidamente da Pixar. O filme mostra como nossas memórias são coloridas pelas emoções, como elas passam das memórias de curto prazo para de longo prazo, como as memórias importantes estruturam ilhas da nossa personalidade, como as outras são esquecidas ou reprimidas em nosso subconsciente, como elas surgem em nossos sonhos, pensamentos e na nossa imaginação. Ele consegue demostrar o quanto mente e cérebro estão interligados, funcionando de maneira orquestrada e sincrônica durante a vida.

Existem várias definições na literatura científica para explicar o que é emoção, assim como também existem diversas teorias para explicá-las. A definição mais utilizada atualmente parte do pressuposto de que as emoções envolvem múltiplas variáveis. Sendo assim, pode-se defini-la como uma condição complexa e momentânea que surge com a ocorrência de experiências afetivas e provocam alterações psicológicas e fisiológicas. As emoções são funções estruturantes da nossa consciência e da nossa personalidade. Quando lidamos bem com elas podemos caminhar rumo a ampliação da nossa consciência.

Assim, a discussão que se tem é o da importância de cada uma das nossas emoções para o amadurecimento pessoal. Permitir-se vivenciar emoções tidas como “negativos” nem sempre é fácil. Todas as emoções são importantes e que cada uma dela possui uma função: o medo nos protege do perigo, a raiva nos faz lutar pelo que queremos, o nojo ou aversão nos afasta daquilo que pode nos causar algum mal.

Alegria é a emoção protagonista em DivertidaMente, mas a grande estrela do filme é a Tristeza. Durante quase todo o filme ela é reprimida e tratada pela Alegria como um perigo à felicidade da menina Riley. Mas, no final, Alegria descobre que a Tristeza tem uma importância fundamental e que, ao invés de ser reprimida, precisa ser integrada. (a cena de ver as memórias coloridas de dourado (alegria) e azul (tristeza) conjuntamente é maravilhosa e emocionante!) É possível sentir alegria e tristeza ao mesmo tempo, e que essas emoções não são opostas. “A tristeza nos ajuda a aceitar nossas perdas e a lidar melhor com elas. Ela nos lembra que não estamos sozinhos e nos faz nos aproximar das pessoas que são realmente importantes para nós. E a alegria nos faz sentir vivos, nos dá energia para querer viver a vida com plenitude, realizando nossos sonhos e propósitos, e nos conectando a todas as pessoas, com sentimentos de amizade, amor e gratidão. ” (Helder Kamei)

A cultura ocidental valoriza certos traços de personalidade e comportamentos vistos como essenciais, tais como extroversão, assertividade, eficiência e otimismo; enquanto isso, a introversão e sensibilidade são muitas vezes vistas com maus olhos. Como resultado, expressões de felicidade e otimismo são extremamente valorizadas, ao passo que expressões de tristeza e descontentamento são vistas como um problema: gera desconforto se sentir triste e/ou ver as pessoas ao nosso redor tristes. Entretanto, nem sempre a emoção adequada às situações da vida é a alegria. Perdas, traumas, mudanças e frustrações levam as pessoas a se sentir tristes. (Carolina Halperin)

Ter emoções que sejam condizentes com aquilo que estamos vivenciando é extremamente desejável e saudável. Quando temos dificuldade em atravessar essa fase sozinhos, podemos necessitar de acompanhamento profissional. Em psicoterapia, as mudanças necessárias nem sempre ocorrem na velocidade de um filme, mas, aceitarmos todas as nossas emoções como naturais dos processos que estamos vivendo possibilita crescimento e amadurecimento.

Francieli Franzoni Melati

Francieli Franzoni Melati Psicóloga – CRP 08/9543 Francisco Beltrão - PR