Religiões

“Coisas novas estão surgindo”!

Nestes tempos de pandemia, a profecia de Isaias (Is 43,19), deveria ser nossa principal meta de observação e atitudes novas, numa perspectiva de superação, ou resiliência, como chamamos hoje – “coisas novas estão surgindo”. Dizendo de outro modo o profeta quis afirmar categoricamente: “Vede que realizo algo novo; já está brotando, não o notais?”. Um pouco antes o profeta suplica ao olhar o futuro, deixando para trás o passado: “Não recordeis o que foi outrora, não penseis em coisas antigas” (Is 43,18). Para o povo judeu é lei a memória das ações salvadoras do Senhor, e o esquecimento é delito e fonte de culpas. Mas a memória não deve ser de fuga nostálgica, repouso inerte na lembrança. A lembrança é válida quando prepara e abre ao futuro, ou seja, diante de um passado, às vezes marcados pela dor, pela morte, pelas duras provações, o que deve prevalecer é o “princípio da esperança”.

“Coisas novas estão surgindo”. Essas palavras do profeta Isaias abrem perspectivas para que o Brasil, nosso Estado do Paraná, nossa Diocese de Palmas-Francisco Beltrão e suas paróquias, nestes tempos difíceis de pandemia da Covid-19, sejam criativas, operativas, funcionais, organizadas, estratégicas nisto que estão chamando na sociedade civil de “novo normal”. Assim sendo, o profeta fala que a nova era abre passagem com impulso incontido, como o broto partindo da semente. Isaias nos ajuda a abrir horizontes para este “novo tempo” que precisa ser conquistado, programado e projetado depois de meses de hibernação, estagnação e doentio.

O profeta coloca em nossos ouvidos, olhos e coração que o nosso Deus é aquele que cria caminhos onde não existem caminho algum. Como se tivéssemos que começar a demarcar novos trilhos, novas estradas, novas saídas. É Deus que nos dá possibilidade de algo novo, novas saídas para situações em que não se enxergava mais possibilidade alguma. No mundo pós-epidemia, estávamos cansados, estressados e por tantas questões advindas dos ambientes da saúde, da política, da economia, da educação e de outros organismos vivendo uma desorientação quase absoluta. O risco do burnout, a síndrome do esgotamento atingiu milhares de seres humanos no planeta. Logo, o olhar esperançoso do profeta é para novos horizontes que se projetam em nossas vidas, como um oráculo de salvação e libertação. Podemos dizer de novo com o profeta que “coisas novas estão surgindo”.

Eis que faço novas todas as coisas” (Ap 21,5)

No conjunto dos escritos joaninos, no Livro do Apocalipse, encontramos também uma afirmação de esperança diante de perseguições e mortes. João descreve a voz teológica vinda do trono: “Eis que renovo o universo” – num significado bíblico será “um novo céu e uma nova terra”. Os espaços ficaram livres para o novo universo, a nova criação, ou seja, ausência do mal (doenças, pandemias) e presença do bem (vidas salvas, recuperadas), saídas do confinamento/isolamento. O autor almeja anunciar um “novo universo”, dando a centralidade a uma “nova humanidade”, renovada, plena de esperanças por dias melhores. É a vitória da vida sobre a morte. O triunfo da vida diante das constantes ameaças que a sufocavam.

O Apóstolo Paulo transmite aos Coríntios, seus interlocutores: “O que era antigo passou, chegou o novo. E tudo é obra de Deus” (2Cor 5,17) – libertação dos “exílios” epidêmicos, econômicos, políticos, religiosos, prisões que nos prendem, tiram-nos a liberdade de viver. Eis que se fez realidade nova. Cremos em mudança radical pela aceitação vivenciada do critério de humanidade representado por Cristo. Nele somos novas criaturas! Coisas novas estão surgindo entre nós: as vacinas. Diga sim à vida. Vacine-se. É uma atitude de fé. Uma atitude de responsabilidade sanitária! Escolha a vida, não a marca da vacina!

Dom Edgar Xavier Ertl

Dom Edgar Ertl

DOM EDGAR ERTL Bispo Diocesano