COMO ERA VISTO E TRATADO O DEFICIENTE EM CERTOS POVOS NA HISTÓRIA?
Pessoas com alguma deficiência (seja física e/ou mental) coexistiram ao longo da história com as pessoas ditas “normais” – logo, ter necessidades especiais, era visto de várias formas por diversas culturas.
No Antigo Egito, que nascesse com alguma deformidade, era aceito socialmente – portanto, incluído.
Porém, na antiguidade do mundo grego, o destino dos nascidos “diferentes”, era visto com maus olhos. O ideal de força, beleza e patriotismo, queria cidadãos sadios. Em Esparta, nascer com deficiência significava a morte declarada ao novo ser ou abandoná-lo, pois o espartano não considerava como um “humano”. Essa decisão o Estado tomava; enquanto em Atenas, cabia ao pai decidir pelo destino do filho com necessidades especiais.
Chegando a Roma Antiga, não muito diferente do contexto de Atenas, o pai decidia se viveria ou morreria. Esse abandono até morte era comum em muitos povos europeus, negligenciar o deficiente.
Durante a Idade Média, houve uma reviravolta pela Europa diante das pessoas com algum tipo de má formação. Por quê? Por meio do advento “da doutrina cristã incutia na população o pensamento”, explica Aline Maria da Silva, “que o homem é uma criatura divina, portanto, todos deveriam ser aceitos e amados como tal.” Essa inclusão possibilitou no século XIII, que o monarca Luíz IX, fundasse um hospital em Paris focado para indivíduos cegos (no caso, ficaram cegos – cegueira adquirida – durante a Sétima Cruzada). Acolher, dar alimentação, passou a ser comum nesse período cristão, pois a caridade devia ser exercida pra manter a doutrina em atividade, em igrejas e conventos – “nas quais, possivelmente em troca de pequenos serviços, ganhavam a sobrevivência”, frisa a já citada autora.
Mas, essa caridade toda também tinha um interesse bem óbvio: obedecer a preceitos religiosos e toda ética de cunho cristã, assim, o preço da ajuda se tornava um sentimento de culpa sobre os deficientes. Como assim? Eram visto como pecadores, “culpados pela própria deficiência”, comenta Silva, como um castigo divino. Certos casos, era visto como um demônio dominando a pessoa especial, e para “ajudar”, flagelação ou exorcizar eram aconselhados.
Esses breves apontamentos sobre a inclusão/exclusão de indivíduos com deficiências têm a função da reflexão. De como determinadas culturas tratavam o “outro” por ter nascido fora do “padrão” e que lição podemos tomar hoje sobre tais fatos? Compreender a história é agir nela.
Referência Bibliográfica:
SILVA, Aline Maria da. O indivíduo com deficiência na Antiguidade e na Idade Média. In: ______. Educação Especial e inclusão escolar: história e fundamentos. Curitiba: InterSaberes, 2012, p. 14-17.