Diálogo: Proposta da Campanha da Fraternidade Ecumênica!
Com o tema “Fraternidade e diálogo, compromisso de amor”, nesta Quarta-feira de Cinzas, 17 de fevereiro de 2021, daremos início na Igreja do Brasil, juntamente com as Igrejas, membros do CONIC – Conselho Nacional de Igrejas Cristãs no Brasil, o “Tempo Quaresmal” e a “Campanha da Fraternidade Ecumênica”. Todo os anos as campanhas são inspiradas pela Sagrada Escritura. Para 2021 o texto escolhido é do Apóstolo Paulo aos Efésios, discorrendo sobremaneira da questão da unidade, como superação das divisões e separações entre os povos, culturas e religião: “Cristo é a nossa paz: do que era dividido, fez uma unidade” (Ef 2,14a).
Neste artigo escrevo sobre o diálogo. O diálogo supõe entendimento entre pessoas e/ou instituições, temas/assuntos, argumentos profundos e, às vezes, temas do cotidiano, que nos dá prazer de interagir, prosear trocando opiniões e argumentos. Dialogar envolve relação, empatia, cumplicidade e complementariedade. Ao cabo de um excelente diálogo, todos ganham; não há vencedores e tampouco vencidos!
Na Carta Encíclica do Papa Francisco “Fratelli Tutti” – “Todos Irmãos”, sobre a fraternidade e a amizade social, publicada no dia 3 de outubro de 2020, em Assis, Itália, junto ao túmulo de São Francisco, encontramos alguns pontos importantes da arte de dialogar e sua importância para a vida em todas as suas dimensões. Vamos conferir o pensamento do Papa Francisco nalguns números, sobretudo do Cap. VI – “Diálogo e Amizade Social”.
Francisco resume o significado do verbo “dialogar” em outros verbos de compromisso, tais como “aproximar-se, expressar-se, ouvir-se, olhar-se, conhecer-se, esforçar-se por entender-se, procurar pontos de contato”. Somente pelo diálogo é possível o encontro, o contato e ação concreta. Prossegue o Papa que “não é necessário dizer para que serve o diálogo; é suficiente pensar como seria o mundo sem o diálogo paciente de tantas pessoas generosas, que mantiveram unidas famílias, comunidades e nações. O diálogo perseverante e corajoso não faz notícia como as desavenças e os conflitos; e contudo, de forma discreta mas muito mais do que possamos notar, ajuda o mundo a viver melhor” (cf. FT n. 198).
Pelo diálogo social somos capazes de gerar e promover uma “nova cultura”. Essa é uma opção, acredita o pontífice. Quando é diálogo “entre as gerações, o diálogo no povo, porque todos somos povo, a capacidade de dar e receber, permanecendo abertos à verdade. Um país cresce quando dialogam, de modo construtivo, as suas diversas riquezas culturais: a cultura popular, a cultura universitária, a cultura juvenil, a cultura artística e a cultura tecnológica, a cultura econômica e a cultura da família, e a cultura dos meios de comunicação” (cf. FT n. 196) e quão importante o diálogo intereclesial, como nesta Campanha da Fraternidade Ecumênica, e de modo especial o diálogo inter-religioso e a promoção da paz, da concórdia e até podemos imaginar a criação de “uma nova humanidade”.
Diálogo versus monólogo
São questões diferentes e Francisco adverte-nos para perceber a diferença entres diálogo, opiniões abstratas e monólogos, com algo muito diferente entre si: “uma troca febril de opiniões nas redes sociais, muitas vezes pilotada por uma informação midiática nem sempre fiável. Não passam de monólogos que avançam em paralelo, talvez se impondo à atenção dos outros pelo seu tom alto e agressivo. Mas os monólogos não empenham a ninguém, a ponto de os seus conteúdos aparecerem, não raro, oportunistas e contraditórios” (FT n. 200).
Dom Edgar Ertl