Doce de mil anos que leva apenas um ingrediente volta a ser tendência no Japão
Por: Silvia Kawanami Culinária no Japão
Segundo o Engishiki (延喜式), um livro japonês que data o ano de 927 d.C., o tal doce, feito unicamente de leite, foi introduzido em Baekje, um reino localizado no sudoeste da Península Coreana e chegou ao Japão como uma espécie de presente para os imperadores.
O primeiro registro disso foi feito durante a era do imperador Mommu (697-707 dC). Tennyakuryo, então parte do Ministério da Casa Imperial, era responsável pela produção do tal doce lácteo. Foi usado também como remédio e como oferenda aos deuses.
Sua popularidade chegou no auge no período Heian (794-1185) e apesar de ter feito parte de alimentos pertencentes à nobreza, como seu único ingrediente é o leite (e também um bocado de paciência), criar o seu próprio So tornou-se ultimamente uma tendência no Japão.
A iniciativa surgiu como forma de ajudar os fazendeiros e produtores de leite, que em época de pandemia de coronavírus estão passando dificuldades em seus negócios. Se isso é verdade ou não, muitas pessoas têm tentado ajudar, comprando mais leite do que o normal.
Embora ninguém saiba exatamente a receita, um esboço básico foi mencionado no livro Engishiki: Ferva 1 to (antiga unidade de medida; equivalente a cerca de 18 litros) de leite para obter 1 sho (antiga unidade de medida; equivalente a cerca de 1,8 litros)”.
Com instruções tão limitadas – basicamente apenas aquecer o leite e esperar algumas horas antes do leite começar a tomar uma forma sólida – muitos usuários da rede começaram a experimentar suas próprias variações enquanto cozinhavam, como adicionar temperos, ferver em diferentes níveis de aquecimento, acrescentando açúcar ou mel, entre outras.
Ao que parece, é possível fazer o doce com a quantidade de leite que quiser, uma vez que não há outros ingredientes envolvidos. Afinal, 18 litros de leite como sugere o Engishiki é um pouco exagerado já que provavelmente não iremos servir um banquete para uma corte imperial.