Educação

EDUCAÇÃO E TELETRABALHO

Assim como o teletrabalho tem se tornado uma exigência nesses novos tempos, com novas demandas decorrentes da pandemia, a Educação vem sentido os efeitos da crise, em nível global. Ainda não sabemos o alcance do impacto da atual crise, mas, na verdade, muito daquilo que hoje passou a ser intensificado, já vinha ocorrendo antes. O Ensino a distância, por exemplo, já é uma realidade, há vários anos, especialmente no ensino superior. Com a pandemia, é provável que as possibilidades tecnológicas nesse campo podem se ampliar para os outros níveis de ensino, alcançando uma dimensão muito maior e com mais rapidez. Nesse sentido, a pandemia acelerou esse processo, que já vinha acontecendo, mas não com velocidade imposta pelas medidas restritivas necessárias, adotadas em quase todos os países do mundo. Como afirmam os educadores Leonardo Alexandre Tadeu Constant de Oliveira e Eloy Pereira Lemos Junior, no estudo acadêmico: “A Educação a distância, o teletrabalho e o direito dos profissionais da docência na educação virtual”, “a educação é uma das atividades que aderiu ao teletrabalho e, seguramente, é uma das que tem maior possibilidade de aumentar seu alcance e atender seus objetivos de ensino e de demanda por alunos, tanto na área pública quanto na área privada. Ao adotar a telemática de forma maciça, investindo na construção de ambientes educacionais completos e complexos, a educação transforma-se e é um dos setores nos quais se tem avançado na disponibilização de serviços, na sua qualidade e no número de teletrabalhadores”. E acrescentam os autores: “A educação a distância atual é baseada na internet rápida, na base digital e em todos os recursos inerentes a essas tecnologias, fatos que acabaram por especializar tanto as instituições como o teletrabalho para a docência a distância”. 

A pandemia acentuou o que já era uma tendência, desde os anos 1970, após a crise do petróleo, mas que foi ganhando força principalmente com a internet, nos anos 90. Mas só mesmo em 2020, com o impacto da crise sanitária global, e a exigência de medidas restritivas, com fechamento de escolas para aulas presenciais, é que o teletrabalho  passou a ser visto como a opção não apenas durante a crise, mas certamente poderá se afirmar como rotina no mundo inteiro. Tudo isso traz questões sobre a qualidade nos relacionamentos humanos, entre os profissionais da Educação, entre professor e aluno, entre pais e professores, entre os colegas de classe, etc. Se a tendência confirmar o teletrabalho como imposição de novos costumes, teremos que nos adaptar a essa nova realidade, buscando, no entanto, não deixar que tais características da sociedade  desumanize as pessoas. “A essas variáveis comuns ao trabalho a distância de ambos, tutores e professores formadores, some-se as dificuldades individuais, pois a reação ao trabalho a distância é significativa nas pessoas, que, invariavelmente, veem seu cotidiano desmoronar. O isolamento social, normalmente advindo do excesso de trabalho voltado à tela e as consultas on line acabam por sacrificar o convívio entre os docentes e lhes mina a resistência que o relacionamento social traz”, destacam os autores do referido estudo acadêmico.

Sabemos que os tempos atuais são desafiantes, especialmente para o campo da Educação. Temos que saber transformar a crise em oportunidade, de melhorar nossa capacidade em dar respostas a tais desafios, buscando primeiramente compreender o que está acontecendo, com informações precisas, vindas de fontes idôneas, com objetividade, para que possamos trabalhar com o que temos ao nosso alcance e proporcionar as melhorias naquilo que fazemos, em nossas atividades profissionais e pessoais. A Educação certamente se renovará, adotará novos meios e tecnologias, mas continuará a serviço da formação da pessoa, valorizando cada um como ser humano, buscando o bem de todos. É assim que estaremos ajudando a construir um mundo melhor. 

Valmor Bolan é Doutor em Sociologia. Professor da Unisa. Ex-reitor e Dirigente (hoje membro honorário) do Conselho de Reitores das  Universidades Brasileiras. Pós-graduado (em Gestão Universitária pela OUI-Organização Universitária Interamericana) com sede em Montreal-Canadá.

Valmor Bolan

Valmor Bolan é Doutor em Sociologia. Professor da Unisa. Ex-reitor e Dirigente (hoje membro honorário) do Conselho de Reitores das  Universidades Brasileiras. Pós-graduado (em Gestão Universitária pela OUI-Organização Universitária Interamericana) com sede em Montreal-Canadá.