Religiões

Em favor da vida e vida em abundância! Somos ‘biófilos’, amigos e defensores da vida!

No Evangelho de Jesus, narrado por São João, intitulado Jesus o Bom Pastor (Jo 10,09-18) ouvimos várias vezes a palavra “Vida”: – “Eu vim para que tenham vida, uma grande vitalidade. Eu sou o bom Pastor. O bom pastor dá sua vida pelas ovelhas”. “Como o Pai me conhece e eu conheço o Pai; e dou a vida pelas ovelhas”. -“Por isso o Pai me ama, porque dou a vida para recuperá-la depois”. “Ninguém a tira de mim”.

O Evangelho de João revela que a prática de Jesus é um compromisso contínuo com a vida. Quando o Evangelho fala de vida, aponta para a vida é de maneira abundante prometida por Jesus, revelando o projeto que Ele tem para quem se compromete com o seu plano. A vida que Jesus traz é vida plena e perpétua, uma participação, por meio dele, na vida divina. Para isso veio, pois, a humanidade com suas próprias forças não pode alcançá-la.

Em todos os grandes discursos que encontramos no 4º Evangelho, de João, há uma referência explícita à Vida. Trata-se de uma realidade que não podemos explicar com palavras, nem enquadrá-la em conceitos humanos. Somente através de símbolos e metáforas podemos indicar o caminho de uma vivência que é o único que nos levará a descobrir de que se está falando.

A Vida que Jesus promete não vem de fora e de maneira espetacular. Ela está presente em cada um e se manifesta no cotidiano, como amor descentrado, como partilha dos dons, como preocupação pelo outro. Esta Vida interior é ativada pela adesão e identificação com a pessoa de Jesus. Este é apelo de trabalhar em favor da Vida e vida em abundância.

Segundo o Pe. Adroaldo Palaoro, sacerdote jesuíta a “vida é encontro, interação, comunhão. Vida é solidariedade. Vidas são olhares que se cruzam, são mãos que se estendem e se estreitam, são passos que rompem distâncias e se interligam. Somos chamados a ser ‘biófilos’, ‘amigos e defensores da vida’”. Palaoro cita Bloch que “é entre nossas mãos que está a vida”. Prossegue:  “Nossas mãos não podem jogar fora a vida. Nossas mãos precisam manter, nutrir e proteger a vida. Nossas mãos devem ser protagonistas para sustentar a vida, precisam dignificar a vida. Nosso compromisso é preservar a vida que dança em nossas mãos”.

A Igreja é continuadora da missão de Jesus. Ela é agora a voz de Jesus em defesa da vida e vida em abundância. Ele deu a vida pela humanidade. A Igreja é convocada “a dar a vida por” uma causa nobre: nestes últimos dias e semanas estamos rezando em favor dos nascituros, das crianças ameaçadas durante a gravidez.  É a defesa das ovelhas frágeis e vulneráveis. A Igreja é protetora da vida, como a mãe protege a vida de seu filho/a. Ela deve denunciar os lobos vorazes e pastores desinteressados e descuidados, que fogem quando os lobos se aproximam. A Igreja não pode abandonar as mães pobres e vítimas de promessas mentirosas acerca do filho que traz no ventre. A missão do lobo é devorar, arrebatar e dispersar. O lobo vem para matar. Abortar crianças no ventre de suas mães é a missão dos lobos. Quem são os lobos no Brasil que pretendem descriminalizar a prática demoníaca de matar nos inocentes e indefesos até a 12ª Semana?

À Igreja do Brasil, à nossa Diocese de Palmas – Francisco Beltrão, quando reunida em oração pela vida, que valham as palavras do Apóstolo São Paulo: “Pois não me abstive de anunciar o desígnio de Deus. Cuidai de vós e de todo o rebanho que o Espírito Santo vos confiou como pastores da Igreja de Deus, que adquiriu pagando com seu sangue” (At 20,28-29). O Apóstolo Pedro também pede à Igreja para cuidar bem do rebanho: “Apascentai o rebanho de Deus que vos foi confiado, cuidando dele não forçadamente, mas de boa vontade, como Deus quer” (1Pd 5,2). Nossa missão é ser ‘biófilos’, isto é, amigos da vida e vida em abundância.

Dom Edgar Ertl

DOM EDGAR ERTL Bispo Diocesano