Etcheverry Santi Rebelatto, uma história de amor com a música
Por July Ioris
Etcheverry Santi Rebelatto é beltronense, nasceu no dia 16 de dezembro de 1993, filho de Roniedson Rebelatto e Dotsy Myrna Santi Rebelatto. Etcheverry namora Ana Cristina Kieling. Ele é músico multi-instrumentista, cantor e professor de música, graduado em música com especialização em canto pelo conservatório Antonio Buzzolla, em Adria, no Estado de Vêneto, na Itália.
Aos 4 anos de idade começou a fazer aulas de piano na Escola de Música Sonata, que é da família. Mesmo antes de começar a estudar piano ele já tinha contato com a música, sempre junto com a mãe. “Minha mãe conta que quando eu e meu irmão éramos bebês e ela dava aulas, nos colocava no “bebê conforto”, do lado do piano; sempre estávamos junto com ela nas aulas e nos acostumamos com o som dos instrumentos. Escolhi o piano muito pequeno, pois ficava encantado vendo minha mãe tocando, inspirado nela decidi aprender o instrumento e logo depois fui aprender outros instrumentos. Eu fiz aulas de todos os cursos que a Sonata oferece e aos 6 ou 7 anos comecei a estudar partituras, fui incentivado pelos meus pais, e eu sempre tive amor pela música”, lembra Etcheverry.
Com 9 anos, Etcheverry começou a estudar violino com o professor Ladislav, ao mesmo tempo que estudava bateria, piano, flauta, violão clássico e popular, e viola caipira, na qual se especializava em Cascavel. Roniedson levou Etcheverry durante três anos para o curso de viola caipira em Cascavel, depois trouxeram as aulas para a Escola de Música Sonata. O irmão, Giovani, também gostava de música, estudava violão e guitarra e os dois irmãos, juntos, passaram a dar aulas na escola da família.
Novos projetos na cultura
Etcheverry iniciou, em meados de 2015, alguns projetos junto com bandas como, por exemplo, o show “Tributo a Elvis”, com a Banda Chumbo Dirigível. “Minha mãe sempre foi fã de Elvis Presley e eu me interessei em estudar a história dele. Aos poucos ia tirando músicas do cantor, então surgiu a ideia de fazer um tributo a Elvis. Eu e a Chumbo Dirigível montamos uma apresentação com 18 músicas e a participação de um quarteto de cordas e metais. Viajamos pelo Paraná com as apresentações para homenagear o Rei do Rock”, diz Etcheverry.
Foi neste período então que se desenvolveu a ideia de unir a música popular com a erudita, trabalhando com bandas e orquestras. Como por exemplo, outro espetáculo chamado Tributo a Elvis, realizado em outubro de 2019, o qual Etcheverry comandou, junto com a Sinfônica de Ponta Grossa, um show com músicas de Elvis Presley arranjadas para orquestra e banda, com 64 músicos no palco. Paralelo a isso e as aulas de música, o cantor tem sua banda que, desde 2016, está na ativa apresentando um tributo para a Creedence Clearwater Revival.
Durante os três anos que estudou na Itália, o beltronense teve a oportunidade de conhecer muitos artistas, como por exemplo os músicos da HPQ, que é o único grupo estável em atividade de “mandolinistas” italianos, na região de Puglia, Sul da Italia. Junto com a HPQ, Etcheverry realizou apresentações na Itália, Japão e também no Brasil, quando o grupo veio em 2016 e 2018 para duas turnês pelo Sudoeste do Paraná.
Etcheverry objetiva continuar com a Sonata e dar sequência ao trabalho que vem sendo realizado pelos pais, sempre trazendo professores que possam contribuir no aprendizado dos alunos. “Quero sempre trazer novidades, trabalhar para contribuir com a cultura e garantir que ela seja de qualidade. Conheci muitas pessoas durante estes anos e sempre estudei muito, desta forma, em reconhecimento à minha dedicação, os professores da Itália sempre que podem vem para Beltrão ensinar nossos alunos.”
Quando Dotsy trouxe o canto gregoriano para Francisco Beltrão, no ano de 2005, Etcheverry tinha 11 anos e passou a acompanhar a mãe nos ensaios do coral. Dotsy percebeu que o filho tinha um talento natural para o canto e só precisava de treino, então o convidou para fazer parte do coral e ele aprendeu a impostar a voz e cantar. Etcheverry não tinha ideia do seu potencial vocal, ele cantava baixo e se considerava tímido, mas Dotsy percebeu que ele seria um aluno dedicado e tinha um dom natural para a música.
Em 2007, Etcheverry participou do seu primeiro festival de música erudita, em Poços de Caldas, Minas Gerais, e no concerto final ele apresentou a música em alemão “Ich Liebe Dich”. Como Etcheverry já cantava em Latim, no coral que Dotsy ensaiava, aprendeu a cantar músicas em outros idiomas também. No ano seguinte, ele participou novamente do festival em Minas Gerais e conheceu professores de renome nacional, como foi o caso do professor Francisco Campos, que o convidou para estudar em São Paulo. Uma vez por mês ele e seu pai pegavam o ônibus para ir para São Paulo para estudar canto lírico. Isso aconteceu até o fim de 2009.
Em 2009, ele foi estudar Belas Artes, em Curitiba. Estava fazendo um curso preparatório para a faculdade e concluindo o Ensino Médio. “Participei de uma audição para um curso no Teatro Guaíra, aonde uma vez por mês uma professora da Itália vinha dar aulas. Em cada aula ela trazia um maestro para nos ensinar. Um deles foi Massimiliano Carraro, que era regente de coro do Teatro La Scala de Milão, e amigo do Pavarotti. Meus colegas vindos de todo o Brasil eram mais velhos, cantores com anos de experiência, e eu, um menino de 16 anos, que sonhava com uma das três bolsas de estudos para fazer aulas na Itália, que seriam oferecidas no fim do curso. Me dediquei muito e a professora Luísa Giannini me deu esta oportunidade, tivemos que adiantar o fim das aulas do Ensino Médio para que eu pudesse ir para a Itália. Meu pai deu todo o suporte e foi comigo, pois eu ainda não tinha 18 anos e era complicado sair do País sozinho. Mas tudo valeu a pena, sempre incentivado pelos meus pais e tendo o apoio do meu irmão foi possível realizar o curso de quatro anos na Itália”, relata o cantor.
Em 2010, então, Etcheverry embarcou para Itália, com a bolsa de estudos oferecida pelo governo italiano, ainda com 17 anos de idade. Conseguiu antecipar os estudos e retornar ao Brasil no fim de 2013. Já em Francisco Beltrão, trouxe muitos professores da Itália para dar aulas no “Festival Internacional de Música Sonata”, evento de música com oficinas e apresentações criado pela família, oferecendo também bolsa de estudos para a Itália, destinado a alunos do festival e selecionado por Etcheverry e pelo maestro Elio Orio (atual diretor do Conservatório Cesare Pollini, de Padova, Italia).
“Meus pais lutaram muito para realizar meu sonho, cada um fazendo sua parte, sempre pensando em me dar o melhor e, o mais importante, sempre com muito carinho. Eles perceberam muito cedo minha vontade e dedicação. E eu tento retribuir tudo que recebi, dou aulas na escola e tento ajudar outros alunos, com oportunidades de estudar fora do País”, conta, emocionado, Etcheverry.
Além de dar aulas na escola de música da família, ele realizou diversas turnês com a Orquestra Filarmônica UniCesumar (Maringá), Big Band Belas Artes (Curitiba) Orquestra Filarmônica de Valinhos, SP), Orquestra Sinfônica de Ponta Grossa, entre outros, e começou a realizar também apresentações de música popular.
Ele não se imagina fazendo outra coisa da vida que não seja ligada à música. A exemplo de Dotsy, que nos disse que diariamente encontra forças para realizar seu trabalho com muito amor e dedicação, ele também entende que a missão de sua vida é levar música para as pessoas. “A música transcende o entendimento, ela mexe com sentimentos e emoções, música ajuda a dar vida. A arte é a minha vida, ela é minha inspiração diária, minha motivação, minha missão neste mundo, eu nasci para a música”, conclui Etcheverry.