FAKE NEWS E EDUCAÇÃO
*Prof. Dr. Valmor Bolan
As plataformas digitais permitiram uma maior e rápida troca de informações, que muito tem ajudado pessoas de todas as idades a ampliaram seu conhecimento sobre a realidade, em todas as partes do mundo. Certamente foi um grande avanço, que permitiu não apenas os alunos acessarem informações na elaboração dos trabalhos e estudos, mas professores, profissionais da Educação e outros, em todos os campos da sociedade. Diante da abundância de informações disponíveis foi preciso que os professores orientassem os alunos nas buscas para evitar a superficialidade, o imediatismo e ainda a desinformação. Por isso é importante que haja discernimento nesse processo: checando as fontes, para que as informações tenham credibilidade. Esse é o grande desafio: saber identificar a idoneidade e objetividade da informação. Infelizmente as redes sociais permitiram a disseminação de falsas notícias (as chamadas fake news), criando expectativas e induzindo comportamentos e conclusões precipitadas sobre ideias em circulação e fatos, muitas vezes equivocados. As falsas notícias também ajudaram a influenciar tomadas de decisão, especialmente por gestores públicos.
Em artigo publicado no Correio Braziliense, “Fake news podem prejudicar também o desempenho escolar”, Caroline Cintra ressaltou: “O que tem preocupado no meio escolar é a enxurrada de informações a que crianças e adolescentes têm acesso diariamente e a falta de discernimento de separar o que é uma notícia verdadeira de uma falsa”. E ainda observou que “um estudo do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos Estados Unidos, revela que a chance de uma informação falsa ser repassada é 70% maior que a de notícias verdadeiras. O número assustador traz um alerta aos professores e educadores de todo o Brasil, principalmente com a proximidade de provas importantes como o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e os vestibulares”. E acrescentou: “A professora Stella Maris Bortoni, do Departamento de Métodos e Técnicas da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília (UnB), diz que, hoje, com o fácil acesso à internet e a rapidez em que os estudantes recebem notícias, um dos principais papéis do professor é ensinar a pesquisar a fonte”. Daí a importância – como dissemos inicialmente – de que os pais, professores e demais profissionais da Educação, auxiliem os alunos nas tarefas, principalmente em relação às pesquisas na internet. Nesse sentido, é fundamental saber pesquisar as fontes, para saber se a origem da informação tem ou não credibilidade. Cabe, portanto, uma vigilância maior de todos nesse processo, para que tenhamos uma Educação com efetiva qualidade.
Tudo isso nos leva à questão da responsabilidade. Conforme salientou Caroline Cintra: “A presidente executiva do Instituto Palavra aberta, Patrícia Blanco, ressalta que a participação e o acompanhamento dos pais nesse processo é fundamental. Eles devem incentivar os filhos a acessar outros meios de informação, para que possam interpretar de uma maneira mais embasada no fato, e não na emoção, observa”. Pais, professores e demais profissionais da Educação são responsáveis nesse processo, procurando fazer com que os alunos tenham entendimento de que é preciso saber avaliar as informações que consultam, que o discernimento se faz necessário.
Valmor Bolan é Doutor em Sociologia. Professor da Unisa. Ex-reitor e Dirigente (hoje membro honorário) do Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras. Pós-graduado (em Gestão Universitária pela OUI-Organização Universitária Interamericana) com sede em Montreal-Canadá.