Força, foco e fé

A partida do prefeito de São Paulo, Bruno Covas, me fez trazer até aqui algumas linhas sobre tudo aquilo que esse fato nos fez sentir. E quando falo no plural, me refiro tanto a quem, de uma forma ou de outra, vive no meio político e lá tem amigos, quanto a quem fica com o coração apertado ao ver uma vida tão jovem e com um caminho aberto pela frente desviar a rota inesperadamente e fazer sua passagem ao plano superior. 

Como todos sabem, o Bruno já vinha enfrentando essa doença terrível há muito tempo. Altos e baixos, pequenas derrotas e vitórias gigantes, exatamente como manda o roteiro deste pesadelo. Mas algo tão ruim ainda é capaz de nos ensinar tanto. Aí está mais um grande momento dessa coisa doida chamada vida. E precisamos absorver. 

Na última campanha eleitoral, disputada e vencida por ele na maior cidade do Brasil, a comunicação precisou fazer algo talvez nunca antes pensado. E olha que, em campanha eleitorais, todo novo desafio é realmente único.

Em meio a uma disputa gigante, difícil e absolutamente desgastante, um dos principais candidatos (e atual prefeito) foi a luta, dividindo sua rotina entre a corrida eleitoral e o trabalho em uma prefeitura daquele tamanho. Mas tudo isso não era nada comparado com a convivência com a doença. 

Porém, como o mundo é daqueles que transformam em luz o que é escuridão, o mote da campanha foi justamente inspirado na batalha de vida do ser humano. Nada daquelas temáticas que normalmente utilizamos, baseadas em cada cenário. Na verdade, obviamente também foi baseado no cenário atual, mas de um jeito nunca antes visto. 

O slogan “força, foco e fé” foi algo que – mesmo trabalhando na área – nunca imaginei ver estampado em uma campanha política. Isso mesmo considerando que, nesse tipo de trabalho, tudo é possível. Simplesmente genial. E hoje, com certeza, percebo ainda mais o quanto fez sentido. Não poderia ser diferente.

Mas foi exatamente aí o grande brilho da coisa. A mistura, a analogia, o entrelaçamento da vida com o trabalho. Da batalha pessoal com a batalha de cada um que vive ali. Acredito que muita gente se inspirou, reclamou menos da vida e teve uma pontinha de esperança em um futuro com alguém novo e, ao mesmo tempo, com tanto nome e bagagem, mas que lutou muito, assim como muitos brasileiros fazem todos os dias. Descansa, Bruno. Obrigado pelo legado. Obrigado pelas lições. E, para a família, todo o carinho do mundo.