GRITO PRIMAVERIL
(Um poema de Cleusa Piovesan & Claudemir M. Moreira)
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GRITO PRIMAVERIL
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Ah, primavera…
Quem me dera ouvir novamente
O brado varonil:
“Independência ou Morte”
E a escolha fosse a vida!
A morte lenta… dos direitos do cidadão…
Da democracia perduram neste chão.
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Ah, grito primaveril,
Que ecoa até hoje em ouvidos moucos.
Não há “independência”
Num país governado por loucos!
Enfeitada “colônia” ainda colonizada
Por capitais estrangeiros.
Cadê o orgulho de sermos brasileiros?
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Ah, distante primavera…
Desfila suas alegorias
Não mais às margens do Ipiranga,
Mas num Carnaval grotesco,
Ao som do vil metal,
Camuflando os ais
Dos escravos atuais!
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Oh, burlesca estação,
Insígnia de dominação!
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Ah, primavera…
Quem me dera ouvir a mente,
Entre as flores e o verde da relva,
E entender esse “orgulho” demente,
Da cabeça de toda essa gente,
Que abraça… com seu sangue defende…
Em delicada manhã, aos seus, contende.
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Ah, sonho primaveril,
Que ilude os incautos, em devaneio onírico.
Não há decência ostentar, entre o “verde” e o “amarelo”,
Quando não se pode ser sincero,
Nem mesmo que o “azul” do manto,
Dominado pelo espanto,
Cobrisse o “branco” do flagelo.
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Ah, paradoxal primavera…
Destila do fel, alegria,
Mostre-me, enfim, suas cores, seu encanto,
Que ao menos por um instante, nesse jogo,
Afaste-nos deste mal pedantesco,
Deflagrando em meio ao fogo,
O patriotismo demagogo!
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Oh, inglória estação,
Instrumento de persuasão!
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