Legado de Marília
E o Brasil todo foi pego de surpresa mais uma vez na última semana. Toda partida é difícil porque muda a vida sem a gente querer e nem esperar. Mas quando é mais “de supetão”, é pior. Quando é jovem, admirada, amada, feliz, se realizando e com muito ainda por fazer, é horrível demais. As pessoas já passaram por isso antes. Eu já passei, talvez você também. Mas é sempre um soco no estômago.
Porém, parece que dessa vez é ainda mais diferente. Parece que as características que tornam cada situação única tem tudo a ver com muitos contextos importantes que vivemos hoje como sociedade, como indivíduos e como quem batalha pelo seu espaço.
Preciso falar sobre gestão de imagem. E pra isso, nada melhor do que exemplos. Mas este foi tão natural que é até difícil imaginar como uma gestão… Marília Mendonça deu uma aula de ser o que é, de aprender a gostar disso e usar o melhor de si para mudar a vida de outras pessoas.
Quando ela resolveu parar de ser apenas uma talentosa compositora anônima e começar a subir nos palcos – depois de muito insegurança e resistência, é verdade – ela jamais deixou de ser o que é. E sendo o que era, inspirou mulheres de todos os lugares a formar uma nova geração que hoje tem a possibilidade de viver de uma forma nunca antes imaginada e muito menos vivida.
A importância de gerir sua própria imagem – incluindo comunicação, discursos, bandeiras e tudo mais – sem mudar a sua essência, continua e sempre continuará sendo a lição número zero de todo processo desse tipo. E isso, portanto, vale para você, para sua empresa, seu projeto, sua campanha, sua ação ou seja lá o que for que queira colocar em prática por aí. Vale observar essa analogia orgânica, que tocou tanto a vida de todo mundo nos últimos dias, para aprender e aplicar no nosso mundo. E sempre temos o que aprender. E precisamos disso.
E foi a naturalidade de Marília, cheia de verdade e espontaneidade, que nos deu a oportunidade de traçar mais um paralelo ensinado pelas lições da vida. E eu, particularmente, sou apaixonado por esses paralelos que aprendemos inesperadamente. Porque isso sempre foi e sempre será aquela velha história de “tirar o melhor de cada situação”. E, para nós que ficamos, vou puxar a sardinha para os comunicadores mais uma vez, porque ficou na cabeça a brilhante citação usada pelo Rodrigo Bocardi no Jornal Hoje da cobertura da partida da cantora, de autoria do poeta Allan Dias Castro: “A vida não dura para sempre. É durante.” Voa alto aí no céu, Marília.