Eu não tenho medo da morte
Quanto tempo, heim. Mas cá estou eu novamente, para conversar um pouco. E após estes dias movimentados de eleições – que em parte já acabaram ou talvez ainda estejam longe do fim, mesmo após o dia 30 – voltei por aqui para, pelo menos neste momento, falar de qualquer outra coisa um pouco mais leve. Quem sabe, em dias em que ninguém escuta mais ninguém e cada voz quer gritar mais alto, poluindo tudo e todos em volta, seja um bom exercício: voltar, de leve. E voltei, talvez, depois de parar para pensar, para refletir. É aquela velha coisa de respirar fundo e soltar o ar para, aí sim, retomar a caminhada. E, realmente, andei pensando…
Na semana passada – mais especificamente no dia 3 – tive um daqueles dias que entra facilmente no hall dos amados e odiados. Tem gente que ama, tem gente que detesta. O dia do aniversário significa, realmente, muitas questões. É como se fosse aquela coisa do: 1 ano a mais, 1 ano a menos. Mas bem na verdade, nós é que não nos tocamos. E isso é típico do ser humano. Não percebemos que, na realidade, é 1 dia a mais e também 1 dia a menos. Todos os dias.
Já ouvi falar da crise dos 27. Kurt Cobain e Amy Winehouse, por exemplo, só chegaram até os 27. Na real, o que pensei mesmo é que quando a gente menos espera, está perto dos 30. E depois dos 40. E dos 50. E é exatamente por esse motivo que a passagem do tempo é incrível. Porque ela nos tira vida e ao mesmo tempo nos dá a oportunidade de ter chego até ali.
Ainda tem muita gente que tem medo de envelhecer. Também tem gente que tem medo de morrer. Eu, particularmente acho isso uma besteira. Acho que a idade é apenas um número e o que nos define é o nosso espírito. E também não tenho medo de morrer. Prefiro fazer como Jô Soares e também parafrasear Chico Anysio dizendo que o medo da morte é inútil, afinal, já temos certeza de que vai acontecer, né?!
Eu não tenho medo da morte. Eu tenho medo é do sofrimento. Estar vivo e sofrendo é muito pior do que descansar. E, no fim das contas, a vida sempre continua. Alguém pega um ônibus no outro lado da cidade, um senhor de idade compra um jornal, três amigos bebem no centro, um bebê que vai ser famoso nasce no outro lado do mundo, um avião decola com uma senhora apreensiva, uma criança brinca com areia na praia, um cachorro passeia feliz. Tudo isso porque a vida continua. E que ela siga assim, sem medos. Sem temer pelo dia a menos, mas sim agradecendo pelo dia a mais.