LÍDERES MUNDIAIS DEBATEM CRISE NA COP26
*Prof. Dr. Valmor Bolan
Muitos países vem sentindo os impactos econômicos decorrentes da crise sanitária, que se estende há mais de um ano e meio. Muitas pequenas e médias empresas não conseguiram se manter em meio à crise. Os governos tiveram que socorrer os mais vulneráveis com recursos públicos. Nem todos conseguiram se adaptar ao teletrabalho. São vários países que enfrentam os problemas de aumento nos preços dos alimentos, desemprego e inflação, conforme observa o demógrafo e pesquisador em meio ambiente, José Eustáquio Diniz Alves: “O aumento internacional do preço dos alimentos, evidentemente, afeta os preços nacionais, embora o Brasil seja o quarto produtor de bens de subsistência (atrás da China, Índia e EUA)”. E destaca que “o Índice de Preços dos Alimentos da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) bateu todos os recordes em outubro de 2021, atingindo o maior valor real em quase 50 anos. O Índice (FAO Food Price Index – FFPI) que estava em 94,2 pontos em 2018, subiu para 95,6 pontos em 2019. No primeiro semestre de 2020 o FFPI caiu, mas subiu no segundo semestre e atingiu 99,2 pontos no ano de 2020. Mas em 2021 os aumentos foram assombrosos e o FFPI atingiu o valor de 123,3 pontos, confirmando a tendência de alta do século XXI”.
Essa situação requer atenção, para que possamos evitar outros aspectos que agravem ainda mais a crise, que foi objeto de discussão entre os líderes mundiais na COP26. Há pressão internacional para que os países adotem medidas ambientais para evitar outros problemas, inclusive o da fome. Diniz Alves ainda acrescenta que “o fato é que o aumento do Índice de Preços dos Alimentos da FAO ameaça a meta da Fome Zero global. A humanidade vive várias emergências globais (econômica, social, sanitária, climática e ambiental). O contínuo crescimento demoeconômico fez a Pegada Ecológica global ultrapassar a capacidade de carga da Terra e a elevação do preço dos alimentos é um sintoma da insustentabilidade do modelo de produção e consumo hegemônicos”. Essa pressão tem sido feita por líderes mundiais, apesar de receberem críticas em relação a muitos aspectos da agenda ecológica que esses líderes querem ver consolidada.
O Brasil é um país privilegiado nesse contexto, pela extensão territorial (um país de dimensões continentais) e com enorme capacidade produtiva de alimentos. Muitos países do mundo dependem do Brasil para suprir suas demandas por alimentos. O nosso agronegócio é muito forte e um dos pilares de sustentação do País. Por isso é preciso que governo e sociedade intensifiquem o debate sobre o nosso futuro, façam as correções devidas de abusos cometidos e busquem valorizar as nossas potencialidades, para que consigamos dar uma resposta efetiva aos desafios existentes. É desse esforço conjunto que poderemos sair da crise e encontrar soluções concretas.
Valmor Bolan é Doutor em Sociologia. Professor da Unisa. Ex-reitor e Dirigente (hoje membro honorário) do Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras. Pós-graduado (em Gestão Universitária pela OUI-Organização Universitária Interamericana) com sede em Montreal-Canadá.