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Militância espontânea: o grande segredo

            Lembram do momento em que falar de política no Brasil era motivo para espalhar a roda de conversa? Ninguém gostava, ninguém acreditava, ninguém nem queria saber. Defender algum político então?! Vish, coisa muito rara, reservada para uma minoria radical, aqueles militantes de carreira mesmo, que cresceram fazendo isso.

            O mundo gira e as coisas mudam. Mas mudam mesmo – e muito rápido. Aliás, em 2018 – o último ano eleitoral que tivemos -, você sabe quais foram os modelos de camiseta mais vendidos do Brasil? As que contavam com as estampas “Bolsonaro Presidente” e “Lula Livre” (além de todas as outras variações dos mesmos temas, claro). Mais de 5 milhões de pessoas compraram essas camisetas naquele período – fora os que fabricaram suas próprias vestimentas e bandeiras. Sim, é isso mesmo, 5 milhões. Descobri esse dado ouvindo uma fala do mestre Zeca Honorato. Foi um momento em que não havia padronização nenhuma. A única coisa que importava era defender aquela personalidade da forma mais exposta possível, tudo isso sem ganhar absolutamente nada em troca e, se fosse preciso, até mesmo comprando brigas, estraçalhando amizades e saindo de grupos de família no WhatsApp.

            Mas aí que tá. Será que tudo isso era mesmo em defesa de uma ou outra personalidade apenas? Era uma defesa e uma paixão apenas pela pessoa? Bom, em alguns casos pode até ser que sim – cada um com seus motivos e visões. Porém, tenho comigo uma grande certeza de que não. Não é puramente pelo ser humano. É pela causa que existe por trás de cada um deles. Por trás do Bolsonaro existe uma causa, por trás do Lula também. E é por isso que as pessoas se apaixonam e dedicam a vida a defender sem querer nada em troca, nem dinheiro e nem cargos. Querem apenas alguém que leve para frente aquilo que acreditam e que se identificam.

            É exatamente por isso, pelo contexto e pelo sentimento atual, que as eleições deste ano devem ser extremamente influenciadas pela militância espontânea. Gente que abraça a causa pelo simples prazer em se sentir representado, em ver as demandas que guiam sua vida em evidência e plena luta. Então, você que vai ser candidato, não pode esquecer jamais: tenha uma causa! Pode até ser duas, três. Mas tenha causas e não seja candidato de bandeira nenhuma. A bandeira, aquela de pano que fica em um mastro, precisa ir além da versão física. Você, futuro candidato, precisa dar motivos para que a sua militância tenha o que levantar e tremular pelos céus. Portanto, anotem: tenha uma causa e ganhe, de brinde, uma militância espontânea que vai baratear a sua campanha, formar defensores apaixonados e fortalecer o seu nome de uma forma viva, natural e nunca antes vista.