MINHA DROGA
(Cláudio Loes)
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O peso do mundo nas costas de um simples humano pode tirar a vida daquele que só quer sobreviver mais um pouco, ver o sol brilhar, ir para o trabalho, merecer seu sustento e, no final do dia, voltar para descansar.
O peso é enorme. Existem soluções das mais diversas, desde drogas lícitas até as ilícitas.
Hoje, peço licença para criar a minha. Ela ainda não tem nome, mas me torna forte para pular abismos e me lançar na escuridão dos meus medos. Ela nada teme, porque nada existe fora de mim. E, se existir, jamais irá me afetar, porque uso a razão. Sou justo, paciente e procuro conhecer o outro, porque gosto de gente.
Minha droga ainda não tem nome, mas ela me liberta da sedução das outras “drogas”, aquelas que têm o único objetivo de matar o medo, começando a matar aquele que sente medo. Minha droga é melhor, muito melhor, e não está à venda. Ela vale o universo, o estar viajando pelas galáxias, sentindo o perfume das estrelas, o calor da amada e querida do coração.
Quero sempre ser usuário da minha droga, única e exclusiva, que escreve sobre a areia versos de amor, apenas para serem apagados pelo vento ou pelas ondas do mar. Existe algo melhor do que um espaço livre e vazio para recomeçar?
Minha droga é melhor. Ela nasceu comigo e me faz ser livre.
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