“NASCE UMA NOVA RELAÇÃO ENTRE ESCOLA E FAMÍLIA”
*Prof. Dr. Valmor Bolan
Segundo o Secretário Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente Maurício Cunha, ao defender a volta das crianças às aulas presenciais, afirmou que a educação brasileira regrediu 20 anos com a pandemia, lembrando que mais de três milhões de crianças, em todo o País, não estão em condições de acessar as atividades escolares on line. E acrescentou: “fora da escola, essas crianças estão convivendo com problemas nutricionais (muitos tinham a merenda como única refeição do dia), psicológicos, de violência (os professores são uns dos principais denunciantes de violências domésticas praticadas contra crianças)” Por isso defendeu o retorno ao ensino presencial. E acrescentou que é preciso que “as crianças tenham acesso à educação presencial de uma forma planejada, escalonada, respeitando os protocolos de saúde, respeitando as escolhas das famílias, mas que não se privem as crianças desse direito”. Assim pensam muitos pais, com dificuldades crescentes de verem seus filhos afetados com os efeitos da pandemia no campo da educação.
O fato é que “da pandemia nasce uma nova relação entre escola e família”, destacou André Bernardo. Dessa nova interação, novas oportunidades propiciam descobertas que podem favorecer uma nova forma de aprendizado e troca de informações e conhecimento. O ensino remoto é ainda uma interrogação, sem que os professores saibam exatamente como irá funcionar, se a tendência do sistema é se tornar híbrido (com aulas presenciais e on line), como a educação se adaptará à nova realidade, diante das novas demandas. E ressalta que “no retorno às aulas presenciais, o relacionamento entre responsáveis e professores será outro, diferente do que era antes da chegada da covid-19”. Apesar de pouca participação no processo, as famílias são a base natural pela qual os estudantes devem buscar o apoio que precisam nesta época de crise. Para Raquel Sanches, da Escola Paulista, a escola será mais valorizada pelas famílias, após a pandemia. E acrescenta: “Os pais e responsáveis estão vendo a dificuldade que é para colocar boa parte dos alunos para fazer uma tarefa escolar. O desafio é grande e só agora eles se deram conta disso. Muitos deles, penso eu, achavam que era só chegar na sala de aula, abrir o livro e estava tudo certo. A quarentena deixou claro que famílias e escolas precisam estar unidos em torno de um mesmo objetivo: a Educação das crianças”.
Por isso é muito importante os pais estarem mais presentes na vida dos filhos, principalmente no auxílio das tarefas escolares, para que eles tenham o suporte e a motivação necessária ao aprendizado. Cada vez mais precisamos dessa convergência e sintonia, para que haja disponibilidade dessa imprescindível interação. Pais, filhos e professores devem estar unidos para superarem os problemas atuais e encontrarem junto formas criativas no processo ensino/ aprendizagem.
Valmor Bolan é Doutor em Sociologia. Professor da Unisa. Ex-reitor e Dirigente (hoje membro honorário) do Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras. Pós-graduado (em Gestão Universitária pela OUI-Organização Universitária Interamericana) com sede em Montreal-Canadá.