O ADIAMENTO DO ENEM
Nota oficial do INEP confirmou pelo adiamento do ENEM em 2020. Diz a Nota: “Atentos às demandas da sociedade e às manifestações do Poder Legislativo em função do impacto da pandemia do coronavírus no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2020, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) e o Ministério da Educação (MEC) decidiram pelo adiamento da aplicação do exame nas versões impressa e digital. As datas serão adiadas de 30 a 60 dias em relação ao que foi previsto nos editais”. Pressionado pelo Legislativo e pela opinião pública, o governo federal acatou o adiamento. O Congresso Nacional está estudando inclusive pelo adiamento das eleições municipais para 15 de novembro ou 6 de dezembro. Tudo isso no esforço conjunto com a sociedade em minorar os efeitos perversos da pandemia do coronavírus. O governo vai sentindo, a cada dia, que os fatos vão impondo a dura realidade de um a crise mais grave do que o governo Federal imaginava, com efeitos em toda a vida social. Por isso os apelos para acatar as medidas preventivas necessárias. O adiamento do ENEM faz parte dessas medidas, tendo em vista também que o ano letivo de 2020 já esteja comprometido, pois praticamente não houve aulas na rede pública no primeiro semestre. É o que destacou o senador Izalci Lucas, relator do PL que trata do adiamento dos exames: “Lembremos, que nossos alunos das escolas públicas não tiveram sequer dois meses de aula completos neste ano letivo. Seria muito injusto submetê-los à já desigual concorrência que caracteriza os processos de acesso à educação superior”. O adiamento do ENEM foi votado no Senado Federal, tendo 75 votos favoráveis, seguindo agora para a Câmara dos Deputados.
Segundo Marcelo Brandão, da Agência Brasil, “Izalci também citou a situação das universidades, principalmente as públicas. Para ele, não adianta realizar uma prova de acesso às universidades sem saber em que condições elas estarão no primeiro semestre do ano que vem. ‘O ambiente de incerteza que nos atinge também condiciona as suas atividades. Elas só abrirão novas vagas quando dispuserem de todos os meios para tanto”. E acrescentou: “A autora do projeto, Daniella Ribeiro (PP-PB), destacou que muitos estudantes não conseguem estudar em casa por falta de recursos técnicos ou por ter que cuidar da família. ‘Quantos têm condições de pagar uma plataforma de streaming, um EAD [ensino à distância]? Que possamos colocar rostos nessas pessoas que estão em casa, cuidando de irmãos pequenos, em casas com cinco, seis pessoas e não têm um espaço para estudarem sozinhos”. O que a relatora do projeto ressaltou são fatos que precisam ser levados em conta, em decorrência da crise, com toda a sua imprevisibilidade e conseqüências. Isso demandará esforços conjuntos de toda a sociedade para dar continuidade ao enfrentamento da pandemia e à reconstrução da vida social, após a crise.
O fato é que precisamos estar atentos, nessa hora, evitando reduzir a gravidade da situação, e colaborando para que as medidas preventivas ajudem a causar menos danos possíveis. Certamente a crise vai passar, e quando isso ocorrer, possamos ter dado a nossa contribuição pelo bem comum. As questões em aberto (especialmente quanto às possibilidades de extensão do ensino a distância) estarão no cerne do debate e reflexão nos próximos meses. Esperamos primeiro superar a crise, e depois aproveitar as novas possibilidades para a reconstrução da sociedade e para melhorias da Educação em nosso País.