Educação

O BANCO MUNDIAL E O IMPACTO DA PANDEMIA NA EDUCAÇÃO

O Banco Mundial divulgou relatório afirmando que poderão ser graves e duradouros os impactos negativos na educação brasileira. São 70% das crianças prejudicadas no processo de aprendizagem, sem poder ler adequadamente. Segundo a professora Ellen Ferreira, coordenadora executiva do Projeto Pretinhas Leitoras e Articuladora Territorial e Educacional de iniciativas em arte-educação, “o ensino remoto não substitui a sala de aula, mas é o melhor a ser feito neste momento”. Mas nem todos estão em condições de serem atendidos satisfatoriamente, nessa nova forma de fazer a Educação. E observa:  “O ensino remoto nem de perto substitui o ensino presencial porque a educação não é só conteúdo. Educação é construção de conhecimento coletivo, educação é partilha de saberes e, ao mesmo tempo, é acúmulo de habilidades para construção de um bem comum, para construção, sobretudo de um bem que exige da gente habilidades emocionais habilidades intelectuais, que transformam o nosso eu e que incidem na coletividade a qual pertencemos”. Mesmo com as crianças prejudicadas, a professora não defende o retorno imediato às aulas presenciais. Daí a dificuldade do momento, em meio à crise sanitária de proporções globais. Ela acrescenta: “Nesse momento é imprescindível entender que a educação é um processo, e não o fim. Uma alfabetização tardia a gente consegue recuperar, ainda que por vezes infelizmente fora do tempo, mas, em momento algum nós iremos conseguir retomar vidas”. Ela defende a “antecipação de recursos econômicos para que as pessoas tenham condições de ficar em suas casas e se resguardar o máximo possível”, dentre outras medidas.

Enquanto não seja possível a volta à normalidade, é preciso que pais, professores e profissionais da Educação encontrem meios para suprir as lacunas existentes em decorrência da crise em que nos encontramos, sem precedentes na história. Também não sabemos por quanto tempo ainda as escolas estarão impedidas de retomar suas atividades presenciais, mesmo com protocolos sanitários necessários. O fato é que as crianças são as mais afetadas em tudo isso. Daí a necessidade de soma de esforços para mitigar os danos. No Brasil, a crise se torna mais grave por causa da realidade de profundas desigualdades sociais, acentuando ainda mais a “crise de aprendizagem”, afetando a qualidade e a equidade da Educação. Segundo o professor Everton Pereira, especialista em sociologia no ensino médio e professor na rede estadual de Minas Gerais, o Brasil é o país da América Latina que mais sentirá os impactos negativos da pandemia, porque tem um maior nível de desigualdade.  E ressalta: “Essa defasagem, essa dificuldade de aprendizagem ela pode de fato, como o estudo aponta”  -referindo-se ao relatório do Banco Mundial -, “prolongar para toda uma geração, uma geração inteira fica ‘condenado’ a uma forma pouco crítica do conhecimento e da autonomia do indivíduo. Isso gera  uma população que pode ter dificuldade até mesmo de inserção no mercado de trabalho”. 

Certamente o impacto na formação profissional traz preocupação, principalmente aos jovens. Por isso o desafio de ampliarmos o debate sobre as dificuldades, em busca de soluções que permitam novas formas de aprendizado e de interação, para que a atual geração consiga uma resposta a tudo isso. Temos esperança de que será possível conseguirmos superar tais desafios se estivermos todos unidos no mesmo propósito, com a disposição de colaboração, de troca de ideias e experiências, atentos ao que acontece também nos outros países nesse sentido. Há muito o que fazer e o que mais precisamos agora é de união e de esperança, para que possamos dar às nossas crianças e adolescentes todo apoio de que elas precisam.   

Valmor Bolan é Doutor em Sociologia. Professor da Unisa. Ex-reitor e Dirigente (hoje membro honorário) do Conselho de Reitores das  Universidades Brasileiras. Pós-graduado (em Gestão Universitária pela OUI-Organização Universitária Interamericana) com sede em Montreal-Canadá.

Valmor Bolan

Valmor Bolan é Doutor em Sociologia. Professor da Unisa. Ex-reitor e Dirigente (hoje membro honorário) do Conselho de Reitores das  Universidades Brasileiras. Pós-graduado (em Gestão Universitária pela OUI-Organização Universitária Interamericana) com sede em Montreal-Canadá.