Educação

AINDA A VOLTA ÀS AULAS

A volta às aulas tem sido objeto de polêmica. O presidente Jair Bolsonaro, na live da semana passada, disse que entrou em contato com o Ministro da Educação, Milton Ribeiro, pedindo para que estude meios que viabilizem a volta às aulas o quanto antes. “Nós somos o país que tem o maior número de dias da molecada sem aula, só está faltando nós – afirmou o presidente – Hoje mandei mensagem até para o ministro Milton, do MEC, para ele se preparar e começar a orientar – a decisão não é nossa, é dos prefeitos – para que  voltem às aulas no Brasil. É inadmissível, perdemos um ano letivo”. Mencionou ainda que a própria OMS e a UNICEF pedem prioridade na volta às aulas. Criticou o Sindicato de Professores, que para ele, está dominado ideologicamente pela esquerda, e fez a defesa do retorno das aulas, para que  os alunos não percam o ano letivo de 2020. 

Segundo reportagem do “Brasil de Fato”, editada por Leandro Melito, “a pandemia trouxe muitos desafios para a educação no Brasil. A falta de equipamentos em casa ou de acesso à internet são problemas enfrentados e discutidos de norte a sul do país”. E indaga: “Agora, com o retorno das aulas presenciais em alguns Estados, a discussão posta é: a estrutura dos colégios e capaz de fazer uso dos espaços coletivos  de forma segura?” Ainda na matéria, há o posicionamento de Maria Izabel Azevedo Noronha, presidente da Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp): “O ensino à distância, como implantado pelo governo do estado de São Paulo, é um mecanismo elitista de distribuição de conhecimento, com agravamento das condições sociais dos alunos das escolas públicas paulistas. A falta de acesso à tecnologia impede que grande parte dos estudantes exerça seu direito à educação. A internet não pode ser a única solução encontrada. Outras alternativas devem existir como, por exemplo, aulas pela TV ou pelo rádio. Há também um problema de qualidade. A escola é insubstituível e a Educação é essencialmente um processo dialógico”. Como vemos, os desafios são complexos, e a realidade mostra a s dificuldades que pais, alunos e professores terão no contexto pós-pandemia, mesmo antes, com os apelos de volta às aulas presenciais. 

O jornalista Luís Ricardo, em artigo publicado em junho de 2020, “Educação na pandemia: qual o melhor momento para a volta às aulas?”, destaca que a “falta de saneamento básico, de produtos de higiene e superlotação das classes são problemas históricos da educação brasileira que podem agravar a situação com o retorno às aulas”. O Ministro da Educação disse que se devem seguir os protocolos de biossegurança, sabemos que medidas de prevenção podem ser tomadas, mas sem excessos. O grande desafio está em termos discernimento, para evitar o que é desnecessário. Nesse sentido, é preciso que os profissionais da Educação dialoguem e partilhem seus conhecimentos e experiências para que as medidas adotadas sejam pertinentes à realidade local, com suas especificidades. O que precisamos é garantir que as aulas retornem, e que pais, alunos e professores estejam dispostos a superar as dificuldades decorrentes da crise, com responsabilidade e solidariedade.  A Apeoesp teoriza sobre o retorno às aulas. Na prática é contra. A maioria dos pais na Capital Paulista é contra o retorno. O Prefeito de São Paulo planejou  um retornou escalonado. Torçamos para que tudo se acerte.

Valmor Bolan é Doutor em Sociologia. Professor da Unisa. Ex-reitor e Dirigente (hoje membro honorário) do Conselho de Reitores das  Universidades Brasileiras. Pós-graduado (em Gestão Universitária pela OUI-Organização Universitária Interamericana) com sede em Montreal-Canadá.

Valmor Bolan

Valmor Bolan é Doutor em Sociologia. Professor da Unisa. Ex-reitor e Dirigente (hoje membro honorário) do Conselho de Reitores das  Universidades Brasileiras. Pós-graduado (em Gestão Universitária pela OUI-Organização Universitária Interamericana) com sede em Montreal-Canadá.