O DESAFIO DA EDUCAÇÃO
A educação permanece o grande desafio e a chave para o desenvolvimento das pessoas, de todas as classes sociais. É a partir desse desenvolvimento pessoal, do potencial de cada um, seja pela educação informal (a partir da família) ou formal (nas escolas, em todos os níveis) ou não formal. “Há quase uma unanimidade entre os autores de considerar a educação como um processo de desenvolvimento: o ser humano se transforma e se transforma continuamente, e a educação pode atuar na configuração da personalidade a partir de determinadas condições internas do indivíduo”, afirma o prof. José Carlos Libâneo, autor do livro “Pedagogia e pedagogos, para quê?” São Paulo: Cortez, 2010. A experiência mostra que a educação promove o empoderamento das pessoas, mas nem sempre está associada às respostas éticas e morais que cada um oferece aos desafios da vida. Mesmo assim, supõe-se que quem sabe mais, poderia fazer melhores escolhas, inclusive éticas. Mas nem sempre é assim. A realidade é mais complexa do que imaginamos, e muitos fatores acabam influenciando, além do que cada um recebe no processo de aprendizagem da educação, seja informal, formal ou não formal. “Nas concepções interacionistas de fatores externos também são importantes no processo de educação. Ela é feita através do desenvolvimento humano tanto biológico como psicológico e na interação entre o sujeito e o meio”, afirma a educadora Luana Lacerda. E destaca: “Uma pessoa mesma vivencia esses três modelos de educação diária, seja em casa, na escola, no trabalho, na igreja, na comunidade. O local não é o que diferencia a educação, e sim a forma como o conhecimento é transmitido. Se a educação não para ela será informal, se para ela poderá ser formal – com certificação para seguir para os graus mais avançados – e não formal – com menor burocratização do aprendizado”.
O fato é que a educação é o processo pelo qual cada pessoa pode melhor se desenvolver como ser humano e obter melhores oportunidades na sociedade. Depende não somente do conteúdo, mas da forma como o processo ocorre, por isso a importância da pedagogia, que busca métodos mais apropriados para um aproveitamento das potencialidades existentes. A questão ética e moral não dependem exclusivamente desse processo, com mais tecnologia ou sem tecnologia, não importa. Ainda hoje permanecem em aberto às pesquisas sobre as complexas contradições do ser humano, a influência do meio ambiente em que vive, e outros fatores que moldam, digamos assim, a personalidade de cada um, o temperamento, as motivações, as contribuições ou não que cada um pode oferecer para as melhorias na sociedade, em todos os campos da atividade humana. A pedagogia é “um campo de conhecimentos sobre a problemática educativa na sua totalidade e historicidade e, ao mesmo tempo, uma diretriz orientadora da ação educativa”, destaca Libâneo, por isso, desde a Antiguidade, a pedagogia está sempre buscando aprimorar os métodos, para tornar possível um aprendizado que leve em conta todas as possibilidades de enriquecimento do ser humano, em todos os aspectos.
A educação permanecerá, portanto, a porta de entrada pelo qual cada pessoa, desde a mais tenra idade, pode abrir-se para o mundo e vislumbrar o que pode fazer para dar a sua contribuição á sociedade e assim realizar-se como pessoa. Em meio às grandes transformações atuais, pergunta-se: qual o futuro da Escola? Ao que responde Neidson Rodrigues, em sua pesquisa: “Educação: da formação humana à construção do sujeito ético”: “Na medida em que ela vai se tornando o mais legítimo espaço na sociedade moderna para realizar a educação das crianças e dos adolescentes, ela terá de se transformar para recepcionar essa função que lhe caberá por injunção social: a de ser, não apenas, o lugar da escolarização, mas, sobretudo o da formação humana e o da formação do sujeito ético”. Esperamos assim, que, em meio aos desafios de hoje, possamos encontrar ânimo novo para prosseguir dando a nossa contribuição no campo da educação, por acreditar no melhor de cada pessoa, na época e sociedade em que vivemos.
Valmor Bolan é Doutor em Sociologia. Professor da Unisa. Ex-reitor e Dirigente (hoje membro honorário) do Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras. Pós-graduado (em Gestão Universitária pela OUI-Organização Universitária Interamericana) com sede em Montreal-Canadá.