Psicologia

O desenvolvimento emocional da criança

O mais importante numa relação entre pais e filhos é o amor. Toda criança espera ser amada e só assim passa a retribuir esse amor. O amor é formador da personalidade e transformador a todos os indivíduos. Desde que nasce, enquanto cresce e se desenvolve precisa sentir-se querida, procurada, ajudada, elogiada, para crescer emocionalmente equilibrada e desenvolver na vida adulta todo seu potencial humano.

O papel de implantar as primeiras regras da vida em família é a própria família, com carinho, alegria, serenidade, presença física e atenção (atenção de verdade, sem que cada um esteja olhando para o próprio celular!). Não falamos só da mãe, mas de qualquer adulto responsável que desempenhará tal papel. Amor feito de gestos, de dedicação e não apenas de palavras.

Para respeitar uma criança é necessário aceitá-la do jeito que é, entender que ela vai crescer e construir sua própria vida, de modo diferente do que fizeram pai e mãe. É ensinar-lhe as normas de convivência já sabendo que ela vai praticá-los a seu modo, com seus limites, inclinações e imperfeições. Precisamos saber que a grande meta na vida dessa criança é tornar-se ela própria e não uma simples repetição do que somos ou fomos.

Tragédias como a que recentemente acontece em Suzano nos fazem pensar nosso papel como sociedade em relação a nossas crianças e adolescentes; famílias desestruturadas, vínculos familiares rompidos e a falta de amor envolvido na relação são possíveis respostas.

Uma criança precisa ser ensinada, assim, não se pode dizer que ela respeita ou desrespeita a mãe ou o pai. Ela deve ser entendida, acalmada, amparada. Com paciência, tolerância, até que o tempo ajude amadurecer e a fazer suas escolhas.

Essa grandeza é o sentido da família: plantar, sempre e por muito tempo, e sem cobrança, gestos de amor que serão modelos para as futuras ações dessa criança.

A desconstrução dos lares deixa a sociedade vulnerável. A mãe de um dos atiradores traz a seguinte fala: “Ele tinha internet, TV a cabo. Tinha tudo. A única coisa é que ele era pirado nesse bagulho de jogo de computador”, diz ela, citando que os dois eram distantes. “Nosso relacionamento até que não era ruim. Mas a gente quase não conversava”. Esse pequeno trecho me faz refletir sobre o quanto este menino sentia-se amado e respeitado, não só por ela, mas pelos outros membros da família.

Precisamos urgentemente assumir nosso papel como sociedade e amparar nossas crianças e adolescentes; a culpa não é desta mãe, mas de todo um sistema social que se configura no abandono dos filhos.

Já existem ações neste sentido, visando prevenção: . Com base em evidências científicas, os educadores fundaram o Programa Semente, metodologia que está sendo aplicada em escolas brasileiras e ensina mais de 40 mil alunos a lidarem com os próprios sentimentos, como ansiedade, medo e tristeza.

Inciativas como esta podem nos mostrar alguns caminhos, mas cada um de nós precisa compreender seu papel nesta sociedade e colocar em prática maneiras de proteger e prevenir a vulnerabilidade emocional de nossos jovens.

Francieli Franzoni Melati

Francieli Franzoni Melati Psicóloga – CRP 08/9543 Francisco Beltrão - PR