O HOMEM MAIS RICO DO CEMITÉRIO
(Um poema de Joceane Priamo)
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Pobre coitado,
Tragado pela ganância,
Sob os olhos do desejo,
Conduziu sua alma a escravidão.
Alimentou-se da cobiça,
Fez do acúmulo sua paixão.
Mesmo com ouro e prata
Foi absorvido por este solo
E a vida não pôde comprar.
Seu caixão não tem gaveta,
Já não tem onde gastar.
Quando ouviu a voz do medo
Percebeu não ser eterno,
E no silêncio da existência
Retornou donde partiu.
O seu ouro foi seu ópio
Aqui, jaz o mais rico homem,
Cuja falta ninguém sentiu.
Na ditosa escuridão
Uma alma estranha é velada
Sem alegria, sem amor.
Deixou todo o dinheiro
Que o pobre homem só guardava.
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