Coluna PETGeral

Os peixes morrem fácil?

 “Os peixes morrem rápido” ou “os peixes morrem fácil” ou, ainda, “os peixes não duram” …

Muito comum de ouvir de pessoas que estão iniciando no aquarismo – ou de quem nunca teve um aquário, ou que teve, mas sem orientações corretas – isso é uma das grandes inverdades do hobby.

O que ocorre na verdade?

Bem… a princípio, podemos dizer que tudo morre fácil: cachorro morre fácil, gato, coelho, hamster, tartaruga, passarinho… e até nós, humanos, morremos fácil!

Morrer é a única certeza que podemos ter, do futuro!

Tudo morre, a seu tempo…

E qual é a causa desse mito em relação aos peixes, se tudo morre, realmente, “fácil”?

Na verdade, as pessoas não compreendem uma questão básica de sobrevivência.

Se possibilitarmos qualidades básicas de ambiente, manejo, sanidade e outros cuidados, os problemas serão minimizados. E isso vale para qualquer ser vivo…

Quando tratamos de condições mais semelhantes às nossas, realmente fica mais fácil de compreender; mas isso também não quer dizer que tudo sairá perfeito. Por exemplo: se não dermos todas as vacinas para um cachorrinho, as chances de este morrer, devido alguma virose, é muito grande; no entanto, se o vacinarmos corretamente, cumprindo todo um protocolo, mesmo assim, não poderemos garantir, em 100%, que este não venha a morrer, da mesma forma, da mesma causa.

Tudo é muito relativo!

Não conseguimos, tão facilmente, compreender as relações físicas e bioquímicas de uma vida subaquática, porque não vivemos sob estas condições e, sendo assim, cometemos sérios erros, que põem em risco a vida dos peixes e outros seres aquáticos.

Obviamente, “tudo tem seu tempo” …

No Brasil, a expectativa média de vida de um ser humano é de 76 anos (segundo dados do IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística); do cachorro, de 9 a 13 anos (dependendo da raça). No caso dos peixes, primeiro devemos compreender que, assim como nos mamíferos (homem, cavalo, cachorro, baleia…), temos várias espécies e, cada qual, com sua longevidade. Temos então, com isso, a longevidade média dos peixes, algo entre 2 a 200 anos. Por isso, não há como generalizar essa média, assim como não a podemos fazer com os mamíferos.

Tudo tem seu tempo!

Um peixe Betta, por exemplo, tem sua expectativa média de vida entre 3 a 5 anos e isso não quer dizer que este peixe não possa ultrapassar essa média, assim como não podemos garantir que ele a atinja. Isso depende de muitos fatores.

As questões que envolvem a qualidade da água são, realmente, muito difíceis de compreender… e cometemos muitos erros, devido a isso.

Alegar que a água de um poço artesiano – por exemplo – é “boa” porque você a ingere diariamente, em sua casa, tem o mesmo valor de alegar que ganhará na Mega-Sena, simplesmente porque joga. Pode ser verdade? Claro! Mas raramente é.

Essa sua “água boa” pode ter uma contaminação muito alta e isto pode não ser percebido por décadas. Uma simples análise deste poço não garante nada, porque, primeiro, uma contaminação não é assim tão fácil de ser detectada e, depois, essa condição pode se alterar a qualquer momento, devido a vários fatores. E isso – a contaminação – é só um fator; há vários outros fatores ou princípios bioquímicos importantes e que podem ser incompatíveis com as necessidades de determinados peixes.

Lidar com a morte é a maior fraqueza do ser humano… e isso impacta, em grau, diretamente à proximidade das semelhanças; ou seja, psicologicamente, quanto mais parecido a nós, maior é o impacto emocional dessa perda. Por isso, muitas pessoas se desesperam ao perder um ente querido, choram ao perder um cão, ficam sentidas ao perder uma carpa Koi de 30 cm e pouco se importam ao perder um peixinho de 3 cm… Claro, isso não é uma regra da psicologia humana e tem relação a muitos fatores e, por isso, alguns ficam extremamente sensibilizados com a morte de um peixinho minúsculo.

Essa falta de sensibilidade é o maior problema relacionado ao índice de mortalidade dentro do aquarismo. Se esta fosse maior, teríamos uma maior preocupação e cuidados com o ambiente aquático de um aquário e nossos peixes teriam sua longevidade média em cativeiro, também, aumentada.

O valor – o custo de um peixinho – é, também, determinante em relação a isso e é por este motivo que os peixes marinhos têm sua expectativa média, em cativeiro, maior que a apresentada pelos peixes de água doce. Simplesmente, porque são mais “caros”. Se mantivéssemos os peixes de água doce sob o mesmo grau de cuidados que os peixes mantidos em um “aquário marinho”, aumentaríamos a expectativa média de vida desses animais. Por isso, obviamente, alegar que um peixe morre fácil é bobagem, é uma inverdade, um mito e um grande problema para o aquarismo.

Tudo tem seu tempo!

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