Educação

PRESERVAR A SAÚDE MENTAL DAS CRIANÇAS

Com a paralisação das aulas presenciais há mais de um ano, as crianças sofrem sem entender o que ocorre, e muitos pais se vêem diante de novos desafios. Pais e professores encontram-se em situação de novidade, sem precedentes, em que buscam atender as novas demandas, compreender a situação, proteger os filhos e dar-lhes condições para que continuem estudando, mesmo com atividades on line. Os cuidados aumentaram não apenas para garantir a saúde física, mas também a saúde mental das crianças. Segundo a Sanar Saúde, “para muitas crianças, a escola é uma importante rede  de apoio. Com a pandemia, no entanto, elas se viram afastadas desse local de ensino, socialização e, muitas vezes, símbolo de afeto e cuidado, não podendo mais ter contato direto com professores e colegas”. Isso trouxe transtornos, em diversos aspectos, afetando a vida de todos. Sabemos que “alguns tiveram a possibilidade de continuar o ano letivo por meio de plataformas virtuais, outros tiveram que interromper totalmente as aulas. Todas essas experiências exigem da criança uma adaptação e compreensão da mudança da rotina”. É o ambiente escolar propício para “o desenvolvimento e aprendizagem”, por isso “é de se esperar que mudanças no funcionamento dessa estrutura possam gerar estresse e ansiedade”. Como lidar com essa realidade? É o que perguntam muitos pais, professores e profissionais da Educação. 

A Sanar Saúde tratou do tema, em estudo intitulado: “O impacto da pandemia na saúde mental das crianças”, destacando que “a principal medida contra o coronavírus é o isolamento social. No entanto, para algumas crianças, o lar não se configura o local mais seguro e o aumento de tempo de permanência em casa, aliado ao estresse parental por conta das novas demandas após pandemia, podem desencadear tensões, conflitos e situações de violência”. Daí o aumento da violência doméstica durante a pandemia, pois “ambientes familiares com condições adversas, como violência, negligência e dificuldades financeiras, são considerados um ‘micro contexto caótico’, que diz respeito a atividade frenética, falta de estrutura e escassez crônica de recursos”. É preciso portanto que haja uma rede de solidariedade entre pais, professores e profissionais da Educação, para buscarem juntos a superação desses novos desafios, para que a família e a escola atuem juntos na busca de suporte. Também pedagogos e psicólogos devem se somar a esses esforços, pois não se trata de apenas proteger as crianças, adolescentes e jovens de contraírem o coronavírus, preservando assim a saúde física, mas especialmente de evitar que a extensão da crise sanitária faça agravar os danos emocionais e psicológicos, não apenas das crianças, adolescentes e jovens, mas também dos pais, professores e demais profissionais da Educação. 

É preciso buscar mitigar os efeitos da crise, não deixando de dar atenção, afeto e cuidado principalmente às crianças. O maior aprendizado em tudo isso é o da solidariedade. Se as crianças perceberem que estão tendo atenção, que os pais se preocupam com elas, que os professores (mesmo à distância) querem lhe oferecer o melhor, elas se sentirão menos inseguras e capazes de mais interação. Precisamos, portanto estar atentos para a preservação da saúde mental das crianças, para que elas possam descobrir o sentido e o valor da vida, mesmo em meio às dificuldades do momento. É o desafio no nosso tempo, que requer de todos nós, o máximo esforço de mútua colaboração. 

Valmor Bolan é Doutor em Sociologia. Professor da Unisa. Ex-reitor e Dirigente (hoje membro honorário) do Conselho de Reitores das  Universidades Brasileiras. Pós-graduado (em Gestão Universitária pela OUI-Organização Universitária Interamericana) com sede em Montreal-Canadá.

Valmor Bolan

Valmor Bolan é Doutor em Sociologia. Professor da Unisa. Ex-reitor e Dirigente (hoje membro honorário) do Conselho de Reitores das  Universidades Brasileiras. Pós-graduado (em Gestão Universitária pela OUI-Organização Universitária Interamericana) com sede em Montreal-Canadá.