Quaresma
Assessoria
Estamos vivenciando o tempo quaresmal. A Quaresma (do latim quadragesima) significa um tempo de 40 dias vividos na proximidade do Senhor, na entrega a ele. O termo “quaresma” nos remete, portanto, ao número 40: É um número que simboliza plenitude. Disse o Papa Francisco: “Os 40 dias que conduzem à celebração anual da Páscoa”. É comum encontrarmos as seguintes indicações bíblicas, tais como, 40 dias e 40 noites: o número 40 na Bíblia está relacionado à penitência, à conversão que é sempre necessária na história do povo de Deus que passou 40 anos no deserto (cf. Dt 8,2); Moisés passou 40 dias e 40 noites na montanha com Deus (cf. Ex 24,18): ou para jejuar (cf. Ex 34,28); o profeta Elias caminhou 40 dias e 40 noites até o Monte Horeb (cf. 1Rs 19,8), para citar algumas referências.
Nos passos de Jesus Cristo
No 1º Domingo da Quaresma o Espírito impeliu Jesus para o deserto onde foi tentado. Depois Jesus se dirige à Galileia e proclama a Boa Notícia, o Evangelho, e convida a fazermos o mesmo, convertendo-nos: “Convertam-se e creiam no Evangelho”. No 2º Domingo, Jesus se transfigura diante dos discípulos que o acompanhavam. Pedro, entusiasmado, quer permanecer na montanha: “É bom ficarmos aqui”. O Pai dá testemunho de seu Filho amado. Jesus pede segredo sobre o acontecido, que terá sua plenitude só na ressurreição.
Já no 3º Domingo da Quaresma temos uma cena não tão comum a Jesus. Era próximo da Páscoa dos judeus. Jesus expulsa os que praticam o comércio nas dependências do Templo, em Jerusalém. Jesus fala em reconstruir o Templo do seu corpo em três dias. Muitos não creram nele, mas Ele não confiava neles, pois os conhecia muito bem, até mesmo interiormente. Os expulsos, ou seja, os vendilhões ficaram indignados com o gesto profético do Mestre. Decidem matá-lo! Sua presença é inoportuna entre os interesses econômicos, políticos e religiosos.
No 4º Domingo da caminhada quaresmal, Jesus nos revela todo o amor do Pai pela humanidade e mostra o caminho que leva à salvação. Garante-nos o enviado do Pai: “Deus não enviou o seu Filho ao mundo para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por ele”. Logo, Deus nos faz partícipes de sua vida eterna, dando-nos, enviando-nos seu Filho. Somos convidados, já na proximidade da Páscoa, a reconhecer que Deus fez um dom total de si mesmo para que todos tenham vida, a vida eterna.
Enfim, no 5º Domingo, o evangelista João apresenta-nos Jesus que veio para todas as nações. Esta é a maior prova de amor de Jesus. A hora de completar sua missão chegou. Ele está na redondeza de Jerusalém. E disse aos seus e todos quantos hoje, em 2021, estão dispostos a escutá-lo, para segui-lo, como alguns gregos que disseram a Filipe: “Senhor, gostaríamos de ver Jesus”. A todos quantos ele garante: “Quando eu for levantado da terra, atrairei todos a mim” (Jo 12,32).
Seguindo os passos de Jesus, chegamos ao Domingo de Ramos e Paixão do Senhor, onde ele caminha à frente de seus discípulos, quando chega perto de Jerusalém, sua cidade. Ali ele celebra a Páscoa com os seus. Nesta celebração vamos contemplar Jesus no Getsêmani e toda a narrativa de sua paixão, morte e sepultamento, no Calvário.
Assim que, durante cinco semanas da Quaresma, preparamos nossos corações pela oração, pela penitência/conversão e pela caridade/amor para a celebração da Páscoa de Nosso Senhor. A Igreja chama este “tempo favorável”, oportuno como um “período de retiro anual” para a vivência profunda com Jesus Cristo e seu projeto salvífico. Seguimos Jesus com convicção e fé e que Ele nos ajude e nos fortaleça diante dos desafios em tempos de pandemia.
Dom Edgar Ertl