Refém
(Por Cláudio Loes)
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Quando as palavras brilham no horizonte
Fico sem ação e inebriado
Elas me conduzem ao cativeiro da escrita
Só poderei sair quando elas decidirem
Olho o papel pálido e sem valor
A caneta que docilmente quer ser conduzida
Como quem caminha ao lado da possibilidade
Sem saber qual o rumo certo
As palavras começam a cutucar
Batem mais forte a cada verso
E finalmente já entre lágrimas secas
Mais uma estrofe concluo com alegria
As palavras são belas, excitantes
Levaram centenas de anos para até aqui chegar
Tornaram possível a comunicação entre humanos
Tesouros guardados em dicionários e gramáticas
Ousei tentar escrever de forma outra
Como querem me forçar a fazê-lo
As palavras do dicionário se rebelaram
Mostraram-me novamente a direção para poder sair
Assim, cheguei ao final mais uma vez
As palavras expressaram todo seu valor
Elas brilham no horizonte da existência
Quero continuar sendo delas o prisioneiro
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