GeralVia Poiesis

SEM ILUSÃO / ESTRANHO PROCESSO DE DESILUSÃO

(Por Cláudio Loes & Cleusa Piovesan)

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Sem Ilusão

(Cláudio Loes)

Ressonava a tarde na varanda
A espera do último pôr do sol
O dia que vivera não fazia sentido
Era uma batida achatada e conhecida

Todos ao redor silenciavam
Ficavam mudos remoendo pensamentos
Medos de um passado distante
Ainda guardado em livros de história

Tudo acabrunhado e sonolento
Deixava murchar a boca torta
Os risos nem lembrava quando foram
Vistos de relance pela última vez

Só restava pegar a cadeira de balanço
Recostar leve e solenemente
Como quem deseja viver sem ilusão
E nunca mais acordar para a mesmice

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Estranho Processo De Desilusão

(Cleusa Piovesan)

Colecionador de memórias
Perdeu-se no próprio labirinto
Fazia viagens ao passado
Não conhecia o fio de Ariadne

O estranho rodamoinho da vida
Engoliu seu sonhos
Bebeu o fel do esquecimento
Numa taça cheia de saudades

Sem quê nem porquê
Chorava amores não vividos
Já não tinha calendário
Noites e dias revezavam vazios

Amargurava seus longos dias
Sentado à beira de um caminho
Que não levava a lugar algum
Vivia um temporal diário

Perdeu seus parcos ideais
Na linha do horizonte
Adentrou no limbo da existência
Sem passagem de volta

Contava os azuis do céu
E os carneiros nas nuvens
Ressonava à tarde na varanda
A espera do último pôr do sol

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