Psicologia

Suicídio: maneiras de prevenir

Segundo a Organização Mundial da Saúde, embora o suicídio seja evitável, todos os anos são notificados próximo de 1 milhão de mortes intencionais autoprovocadas (WHO, 2014). Estes números tornam o suicídio um gravo problema de saúde pública.

A cada 40 segundos ocorre um suicídio em algum lugar do planeta, paralelo a um considerável contingente de comportamentos suicidas, tais como tentativas, planejamentos e pensamentos de morte. Segundo a Associação Brasileira de Psiquiatria, a cada 3 segundos uma pessoa atenta contra a própria vida (ABP, 2014).

O Brasil é o oitavo país em números absolutos de suicídios. Em 2012 foram identificadas 11.821 mortes, cerca de 30 por dia, sendo 9.198 homens e 2.623 mulheres. Entre os anos 2000 e 2012, ocorreu um aumento em 10,4%, sendo um crescimento de mais de 30% em jovens (VIDAL et al., 2013; ABP, 2014; BOTEGA, 2015).

Fatores diversos estão associados ao risco de suicídio, caracterizando-se como importantes sinalizadores. Destacam-se a tentativa prévia e presença de sofrimento psíquico associados a transtornos mentais não tratados ou tratados de forma inadequada, tais como depressão (unipolar e bipolar), transtorno de personalidade (p. ex. borderline), esquizofrenia e dependência química. Dentre outros fatores, estão a história familiar; eventos adversos na infância e adolescência; traço de personalidade impulsivo, agressivo e instável; doenças clínicas incapacitantes; viver sozinho; não ter filhos; perdas recentes e outros estressores; problemas financeiros e desemprego; aposentadoria; situação de rua; idade entre 15 e 30 anos e acima de 65 anos  (OMS, 2012; ABP, 2014).

Para fomentar a proteção, é necessário aumentar autoestima e resiliência; buscar bons laços sociais protetivos e preventivos; suporte familiar; senso de responsabilidade; ter crianças em casa; religiosidade; acesso a serviços de saúde; conhecimento da população sobre o tema suicídio (OMS, 2012; ABP, 2014).

Enfatizam Bertolote et al. (2010) que é possível avaliar o risco individual das pessoas em realizar a própria morte, baseando-se nos fatores de risco e de proteção investigados em um atendimento especializado. A melhor estratégia para pessoas em risco – seja baixo (pensamento), médio (planejamento de caráter não imediato) ou alto (planejamento de caráter imediato) -, é adotar acolhimentos com medidas preventivas singulares, a curto e a longo prazos, que possibilitem a proteção da vida.

A maioria dos suicidas é portador de transtorno mental, com destaque à depressão. Cerca de 50% a 60% dos que morreram por suicídio, nunca consultaram um profissional da saúde mental (psicólogo, psiquiatra) ao longo da vida. Apenas metade dos que morrem foram a uma avaliação médica no período de seis meses que antecederam a morte (ABP, 2014).

Qualquer intenção de morte, por mais ingênua que se mostre, deve ser considerada por familiares, amigos e profissionais da saúde em geral, de forma a facilitar o encaminhamento e avaliação minuciosa para estabelecimento do tratamento correto, que pode ser considerado desde um acompanhamento ambulatorial até um internamento para o acompanhamento mais intensivo.

É importante salientar que diversos são os motivos que podem impedir que uma pessoa seja olhada como alguém que clama por socorro e consequentemente tenha espaço para falar sobre sua dor dilacerante, alterando, assim, seu estado interior. Os estigmas relacionados ao tema são capazes de gerar constrangimento e silêncio, já que a morte, sobretudo a suicida, é assunto proibido, ora sinal de pecado, ora sinal de fraqueza. A falta de compreensão só piora o quadro, tornando urgente a desconstrução do senso comum e preconceito em torno do suicídio.

A figura abaixo ilustra os mitos e verdades sobre o comportamento e risco suicida, evidenciando o papel do conhecimento como contribuinte para a prevenção.

Fonte: Associação Bras. Psiquiatria, 2014.

 

Onde buscar ajuda:

-SAMU (192)

-Unidade de Pronto Atendimento (UPA)

-Pronto socorro de hospital geral

-Unidade de saúde (US)

-Centro de Atenção Psicossocial (CAPS)

-Clínica de atendimento psiquiátrico e psicológico

-Centro de Valorização da Vida (CVV) – telefone 188 ou www.cvv.org.br para chat e  e-mail (O CVV – Centro de Valorização da Vida realiza apoio emocional e prevenção do suicídio, atendendo voluntária e gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo por telefone, email e chat 24 horas todos os dias.)

Francieli Franzoni Melati

Francieli Franzoni Melati Psicóloga – CRP 08/9543 Francisco Beltrão - PR