GeralVia Poiesis

Textos perdidos

(Fragmentos… de Cláudio Loes)

Passei pela estrada velha, continuação depois dos limites da cidade, chão batido, algumas roças, uma mata que já foi nativa e o zum-zum das abelhas fez parar. Muitas flores silvestres, belas e atraentes, com muitas abelhas. O labor do dia, o mel de amanhã, nossa existência garantida. O que fazer? Seguir pelas palavras, buscar o dicionário, dar as mãos para a inspiração. Ser abelha da poesia, usar o labor com as palavras para tecer doces versos.

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Quando vejo mais um pôr do sol a tristeza me consome, porque sou obrigado a voltar. Queria poder deixar de existir com essa última visão, numa tarde sonolenta, com o sol se escondendo por detrás dos montes. O frio da noite seria a melhor companhia para nunca mais.

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Nas lembranças que vêm e depois somem, algumas trazem doces recordações, outras nem tanto. São de um amargo fel, daquele que você só sabe se o fígado um dia ficou nervoso. Deveríamos poder esquecer os ditos malditos para poder seguir sem amarras, sem torturas de passados, cinzentos que aqui e ali infla egos para em nada ser melhor.

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Continuo perdido e procurando não ficar preso naquilo que me consome. Tudo o que se consome um dia some de vez. É fácil perceber, mas ainda queremos que tudo fique como está. De uma coisa tenho certeza: a mudança sempre acontecerá pelo amor ou pela dor. A maioria prefere a dor para ter sempre alguma história pior para contar. A imensa maioria gosta da piedade dos outros e daquela que eles têm de si mesmos. Vida malvada a nossa, só tem passagem de ida e faz sofrer à toa no caminho para a morte.

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Depois que você se senta, e pensa no peso dos sessenta, vai concordando que planejar muito é uma perda de tempo insana. Tudo bem, queres planejar, então faça, mas tenha sempre à mão um livro que queiras ler. Se te virem lendo o livro, diga que tinha planejado, afinal, todo planejamento bem elaborado sempre tem um plano alternativo.

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Sempre escreva, mesmo que sem valor algum. Aliás, qual valor? Importa deixar a mente livre, pegar aqui e ali alguma ideia que está passando, lançar o anzol do teclado ou da caneta. Todo o resto nunca se sabe… poderá dar boa prosa ou ser somente uma coletânea muito ruim de textos perdidos. Textos que sonham um dia se encontrarem em algo mais elaborado. Talvez um poema, uma crônica, um conto, sei lá… ainda estou procurando.

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