Uma Igreja Sinodal
Dom Edgar Xavier Ertl – Diocese de Palmas-Francisco Beltrão
O Papa Francisco, no último dia 10 de outubro de 2021, presidiu a Missa de abertura do Sínodo dos Bispos, na Basílica Vaticana, com a presença de leigos, religiosos, sacerdotes, bispos e cardeais que participam deste processo que culminará em Roma, em 2023, com o Sínodo dos Bispos sobre a tema da sinodalidade. “Encontrar, escutar, discernir”: estes foram os verbos indicados pelo Pontífice na sua homilia de abertura do processo sinodal. O tema deste Sínodo, “Por uma Igreja Sinodal: Comunhão, Participação e Missão”, o qual durará três anos e está articulado em três fases – diocesana, continental e universal. E em todas as arquidioceses, dioceses e prelazias a abertura da caminhada sinodal de 2021-2023, será neste domingo, 17 de outubro e para a Diocese de Palmas-Francisco Beltrão, celebraremos, na Concatedral Nossa Senhora da Glória, às 9hs. Resumindo: Sinodalidade significa essencialmente “caminhar juntos”. A sinodalidade é a forma que possibilita a participação de todo o povo de Deus na missão da Igreja, na proclamação da Boa Nova de Jesus Cristo. Nele está a origem da sinodalidade.
Três oportunidades
O Papa pediu, então, que se viva esta ocasião de encontro, escuta e reflexão como um tempo de graça. “Sim, irmãos e irmãs, um tempo de graça – que nos ofereça, na alegria do Evangelho, pelo menos três oportunidades”. Ei-las:
A primeira é encaminhar-nos, não ocasionalmente, mas estruturalmente para uma Igreja Sinodal: um lugar aberto, onde todos se sintam em casa e possam participar. Depois, o Sínodo oferece-nos a oportunidade de nos tornarmos Igreja da escuta: fazer uma pausa dos nossos ritmos, controlar as nossas ânsias pastorais para pararmos a escutar. Escutar o Espírito na adoração e na oração. Como sentimos falta da oração de adoração, hoje! Muitos perderam não só o hábito, mas também a noção do que significa adorar. Escutar os irmãos e as irmãs sobre as esperanças e as crises da fé nas diversas áreas do mundo, sobre as urgências de renovação da vida pastoral, sobre os sinais que provêm das realidades locais.
Por fim, temos a oportunidade de nos tornarmos uma Igreja da proximidade. Sempre voltamos ao estilo de Deus: o estilo de Deus é proximidade, compaixão e ternura. Deus sempre agiu assim. Se não chegarmos a esta Igreja da proximidade com atitudes de compaixão e ternura, não seremos Igreja do Senhor. E isto não só em palavras, mas com a presença, de tal modo que se estabeleçam maiores laços de amizade com a sociedade e o mundo: uma Igreja que não se alheie da vida, mas cuide das fragilidades e pobrezas do nosso tempo, curando as feridas e sarando os corações dilacerados com o bálsamo de Deus. Não esqueçamos o estilo de Deus que nos deve ajudar: proximidade, compaixão e ternura.
Por uma Igreja “Povo de Deus”
O Papa Francisco pediu que o Sínodo leve “a sério o tempo que vivemos” e não se distancie “da realidade do santo Povo de Deus, da vida concreta das comunidades espalhadas pelo mundo”. Disse, ainda Francisco, “se falta uma participação real de todo o Povo de Deus, os discursos sobre a comunhão arriscam-se a não passar de pias intenções”. Por fim, o Papa Francisco dirige palavras de encorajamento à Igreja Católica, convidando-a a preparar-se para as surpresas e assegurando-lhe que o Espírito “fará ouvir sempre a sua voz” e também corrigir os eventuais erros: “Escutai-o, ouvindo-vos. Não deixem ninguém fora ou para trás”. E conclui: fará bem à Igreja redescobrir “ser um povo que quer caminhar junto, entre nós e com a humanidade”. “Pela primeira vez em dois mil anos todo o Povo de Deus foi envolvido. Não é uma escolha de democratização, mas uma questão de identidade profunda”, disse o Pe. Piero Coda, Membro da Comissão Teológica do Sínodo 2021-2023. Enfim, pedimos para sermos convertidos profundamente à sinodalidade ora iniciada nesta Igreja Particular de Palmas-Francisco Beltrão, convertendo-nos a Cristo e ao seu Espírito, deixando o primado para Deus