Nutrição

Zinco muito além da Covid-19

Diante do coronavírus, alguns nutrientes têm atraído às atenções, aliados do nosso sistema de defesa. Os mais comuns são as vitaminas C e D, e, entre os minerais, o maior destaque vai para o zinco. Ainda que seu papel protetor do organismo seja indiscutível, não se sabe ao certo sua atuação específica diante da Covid-19. Há bons indícios em experimentos com células. Já os estudos clínicos, com a participação de seres humanos, estão em andamento e as respostas costumam demorar.

Mas a pressa para se blindar contra o mal empurra muita gente para as farmácias atrás de “pílulas mágicas”. Fazendo o consumo de suplementos de maneira equivocada.

As recomendações diárias do nutriente não trazem benefícios extras. Além disso o mineral não possui efeito cumulativo, o corpo não estoca zinco. Assim, o excedente nosso corpo elimina através da urina. Geralmente, quando há real deficiência do mineral, faltam também outros nutrientes e o corpo dá sinais de fraqueza.

Embora o zinco atue em cerca de 300 enzimas essenciais à saúde, sua importância para a imunidade é sempre a primeira a ser lembrada. Nesse sentido, uma de suas nobres tarefas é participar da maturação de células de defesa, caso dos linfócitos. Entre muitas funções, eles sinalizam a presença de intrusos circulando pelo corpo. Assim, o sistema imune fica em estado de alerta e outros grupos celulares preparam-se para acabar com os invasores.

Soma-se a isso o fato de o zinco contribuir para a integridade do tecido epitelial, formando uma espécie de barreira que impede a entrada de patógenos. Estudos mostram ainda que o mineral colabora na redução dos níveis de moléculas inflamatórias

Quando a infecção se instala, assim como em outras enfermidades, o corpo tende a requisitar mais do zinco para dar conta de todos os processos que acontecem simultaneamente, o objetivo é sanar o problema quanto antes. Nessas situações, profissionais de saúde determinam, a partir de exames, como adequar os níveis de elemento. Assim garantindo que não falte zinco no dia a dia para afastar vírus, bactérias, fungos e outros inimigos que se aproveitam das brechas em nosso escudo natural.

Estudos apontam sua estreita relação com hormônios e também a proteção de artérias e neurônios, resguardando, assim, o coração e o cérebro. É possível atingir as necessidades diárias por meio de uma alimentação equilibrada. Optar por menus repletos de comida tipicamente brasileira, com o devido espaço ao nosso arroz com feijão, é uma das estratégias para contar com seus efeitos no cotidiano. Além do feijão podemos conta com carnes vermelhas, frutos do mar, nozes, sementes de abobora e gergelim, leite e queijos.

Vale ressaltar que o zinco é aclamado por combater os efeitos danosos do excesso de radicais livres, aquelas moléculas que fazem estragos por onde passam. Uma revisão de dezenas de estudos, publicada no periódico científico Acta Farmacologica Sinica, coloca o mineral como aliado da saúde cardiovascular justamente por essa função. Ao atenuar o estresse oxidativo e o processo inflamatório, o nutriente colabora na manutenção da integridade do revestimento interno das artérias e na prevenção da formação de placas de gordura. E também há indícios de uma atuação específica no equilíbrio da pressão arterial. Assim, o coração bate mais feliz.

Ainda sobre as propriedades antioxidantes do zinco, um dos grandes beneficiários é o cérebro. Está comprovado que o nutriente participa da comunicação entre os neurônios. No Instituto de Neurociência Rockefeller, que fica nos Estados Unidos, um grupo de pesquisadores tem se dedicado a buscar respostas sobre seu desempenho nas células nervosas. Mas há muito tempo se conhece a relevância do mineral para o pleno desempenho da massa cinzenta, especialmente nas questões referentes à cognição.

A deficiência entre as crianças e os adolescentes pode afetar a memória e o aprendizado. Já em outra fase da vida, existem estudos que revelam o talento do zinco na proteção contra a doença de Alzheimer. Há ainda evidências de sua relação com a síntese de neurotransmissores envolvidos com o humor, caso da serotonina. E pesquisas sugerem que ele pode ajudar a prevenir a depressão.

Depois de tantos benefícios com esse mineral vale ressaltar, sua suplementação deve ser indicada e monitorada por um profissional. O ideal é atingir os níveis necessários por meio da alimentação. Por ora, não deixam de faltar opções saborosas. 

Tainara Didomenico

CRN 8/11379 Francisco Beltrão - PR.