Relacionamento Conjugal: o casal dividido
O relacionamento interpessoal possui suas delícias e dificuldades; quando falamos de relacionamento conjugal, as discrepâncias aumentam entre os momentos maravilhosos e problemáticos. Raramente um relacionamento é homogêneo, sempre terno e gostoso, a maioria dos casais passa por momentos de grande dificuldade, a medida que as fases do relacionamento vão transcorrendo. Porém, se todos tem problemas, porque alguns conseguem ultrapassa-los e outros se complicam e tornam a rotina uma tortura?
De maneira geral, a maioria dos especialistas concordam que, a comunicação é a base desta resposta, que ela determina a qualidade do relacionamento do casal. Desta forma, devemos tentar compreender como os problemas de comunicação aparecem e entende-los para buscar uma solução.
Fase1: Sonho – Todos temos o sonho de sermos plenamente felizes em nossas vidas; quando éramos crianças as brincadeiras eram a base de nossa felicidade, brincávamos mesmo sozinhos e podíamos ser felizes; mas, com o passar do tempo passamos a precisar de “alguém” para sermos felizes, para dividir sonhos e planos e estranhamente colocamos nossa felicidade nas mãos de oura pessoa e, ingenuamente pensamos, que, sem esta pessoa, somos incapazes de sermos felizes.
Fase 2: Realidade – Esta fase inicia-se muito gostosa, com o namoro, o conhecimento mútuo, cada um mostrando o que tem de melhor. Contudo, com o passar do tempo e o aumento da convivência, as pessoas esquecem de uma regra básica: todo relacionamento requer cuidado, adubo, tempo, conversa, proteção. Cada um dos membros do casal já não “cuida” do relacionamento, como se um já fosse “propriedade” do outro. Esta fase pode iniciar namoro (sendo nela que muitos acabam), mas pode deixar para surgir após o casamento e ficar mais difícil para solucionar, pois muito já foi investido nesta relação. Algumas pessoas só percebem os problemas conjugais após longos anos de sofrimento.
Colocando desta forma sistematizada e clara, parece muito fácil detectar os problemas dos casais e “ cortar o mal pela raiz”, entretanto as coisas nem sempre são fáceis. Cada um de nós vem de famílias com valores diferentes quanto a forma de compreender os relacionamentos, tendo crenças de como acreditamos ser o certo. Muitas vezes este acaba sendo um grande ponto de atrito entre os casais: as diferenças de expectativas quanto ao casamento. Ser diferente do outro quanto aos comportamentos não é sinônimo de amar mais ou menos. Por isso a comunicação é necessária, precisamos falar aquilo que não gostamos e gostamos, para que nosso parceiro tenha segurança de que tipo de coisa pode fazer e não, mas lembre-se, nem tudo acontece do “nosso jeito”, precisamos falar, mas também precisamos escutar as necessidades do outro, chegando a uma média para como será o relacionamento.
Há alguns anos, vem-se percebendo mudanças nas estruturas familiares, principalmente em virtude do mercado de trabalho mais aberto para as mulheres e sua independência econômica. Isso causa um imenso equívoco. Independência financeira não é sinônimo de individualismo. Hoje, cada vez há menor tolerância com as dificuldades do outro e menos tempo e convivência, necessária para o cultivo da relação e do aprendizado da comunicação. “Quando tem individualidade demais, tem casamento de menos”.
Valores como respeito, lealdade, fidelidade e solidariedade são necessários para uma relação saudável, hoje vivemos uma situação de “salve-se quem puder”, e isso, além de não ser saudável para o casal, não é saudável para os filhos.
O relacionamento do casal é algo muito importante e deve estar embasado em respeito, amizade, interesse, admiração, cumplicidade, dentre várias outras coisas; entretanto, o desejo da construção de um relacionamento feliz esbarra na dificuldade de comunicação, e comunicação não é feita somente com palavras, é feita também com atitudes. Cultivar um bom relacionamento depende de palavras, sentimentos e atitudes concretas.
Quando as coisas não vão bem é indicado procurar auxílio profissional para o casal. O profissional da psicologia poderá facilitar o entendimento das diferenças, promover a comunicação e auxiliar no processo de mudança do casal.