Teorias & Fatos Históricos

A MORTE NA HISTÓRIA

A morte na história faz parte dela, passou a fazer parte da vida. Grande parte das religiões buscam confortar seus fiéis acerca da morte, com promessas de paraísos e tal, tanto nos monoteísmos, como o judaísmo há uns 3500 anos, cerca de dois milênios no cristianismo, quanto no islamismo, uns catorze séculos. Os povos nórdicos que morriam em batalhas, por exemplo, iriam até o Valhala, onde encontrariam com deuses e heróis da referida mitologia. Ou mesmo um processo curioso aonde as almas iriam evoluindo ou devoluindo, pois o sujeito voltaria ser numa vida uma formiga, na outra uma árvore, de volta um humano, etc., comum em crenças indianas. Sem contar a extinta religião egípcia, muitos antes dos hebreus criarem o monoteísmo emprestado do deus-solar, com a crença de uma nova vida atravessando numa barca solar. Uma busca pelo sentido da vida, essa limitação que temos enquanto seres biológicos, finitos, é uma preocupação existencial. “São perguntas que a religião tenta responder”, explica David Coimbra que adiciona ainda: “nem sempre com sucesso, uma vez que todas as promessas das religiões, de todas as religiões, só se cumprem depois da morte.” Logo, esse conforto psicologizante vem desde a invenção da religiosidade mais remota, sobretudo quando a ideia de enterrar os mortos buscava algum sentido, um ritual de passagem da vida para a morte (ou para outra “vida”).

E por morte, de variadas maneiras, desde naturais (doenças, velhice), acidentes (quedas, raios, afogamentos, etc.) assassinatos (guerras, brigas), enfim, lidar com ela é buscar certa lógica, mas não existe nenhuma lógica – “É um grande drama da existência.” um drama inventado.

Noutras palavras, somos finitos e biologicamente perenes. Uma hora todos iremos. Quando falamos que nada existe após a morte, a maioria pode não gostar disso, mas como uma determinada mentalidade predomina um senso comum evidente, acreditar que a vida é só uma passagem é uma opção de cada pessoa, ou ainda: é uma opinião. cientificamente após a morte, nada existe, para um ser humano e nem para a formiga que pisamos sem querer. tem quem busque se apropriar (ou deturpar, no caso) da ciência para fins ideológicos, mas isso é irrelevante. ciência não é passatempo para autoafirmar mitos pessoais ou de grupos. por isso, a questão do pós-morte no sentido científico, lida com seriedade, onde um punhado de átomos (que somos, uma pedra também), fica por aí, nesse pó de estrelas que sobrou, nós mesmos – um fato bem conhecido, Sagan sabia disso.

Daí alguém pergunta se a vida tem sentido, pois iremos todos morrer. Ora, o sentido é aquilo que criamos. A própria ideia de vida e morte, inexiste sem o ser humano para narrar, para descrever, sem linguagem, nem uma árvore existe – ela necessita de uma entidade para descrevê-la – no caso, o Homo sapiens sapiens, que se desenvolveu e se desenvolve historicamente, sujeito as mudanças de seu tempo. Se a vida é a morte possuem sentido, as religiões buscam explicar do jeito delas, de maneira metafísica, ou mesmo a filosofia como uma questão inquietante do “para onde vamos”, porém, por meio da história podemos perceber que essa curiosidade pode ser analisada, com o conhecimento histórico vemos a riqueza cultural desse tema atual. Um amplo estudo sobre a morte pode ser encontrado em: História da Morte no Ocidente, da autoria do historiador francês Phillipe Ariés (1914-1984). se buscamos uma imortalidade, ela é bem visível no conhecimento humano, repassado de geração em geração.