Educação

AS CRIANÇAS E ADOLESCENTES REQUEREM ATENÇÃO ESPECIAL NA PANDEMIA

A pandemia trouxe transtornos, em nível global, em todos os aspectos.  Mas certamente quem está mais sofrendo com tudo isso são as crianças, que não conseguem ainda compreender o porquê de tudo isso. Desde cedo tendo também que usar máscaras, respeitar distanciamento social, ficar em casa, não podendo frequentar muitas das atividades que visam a natural socialização, as crianças sentem os impactos das medidas e precisam de maior atenção dos pais, nesse tempo de tribulações. Também os adolescentes e jovens estão vulneráveis a toda essa situação, com aumento de depressão, drogas, alcoolismo e até suicídio. É o que constata, por exemplo, o psiquiatra Humberto Corrêa, em entrevista a Marina Dias, da Revista Encontro, em setembro de 2020: “Estamos passando por um momento muito atípico de crise sanitária, econômica, política. Temos um excesso de informações, muitas delas equivocadas, o que gera insegurança. Além disso, há a quarentena, ou isolamento social, para o qual o ser humano não foi feito – a restrição de ir e vir causa sofrimento psíquico grande e pode levar ao aumento das taxas de depressão e transtornos de ansiedade. Tem-se também observado um aumento enorme no consumo de álcool. Nos Estados Unidos, um levantamento identificou aumento de 55% na venda de bebida alcoólica, e esse crescimento está se repetindo em outros países, provavelmente também no Brasil. Álcool é droga lícita, então, rapidamente se percebe o quanto aumentou. Contudo, certamente, o consumo de drogas ilícitas também aumentou. Tanto pessoas que já consumiam e aumentaram o consumo quanto quem não consumia e agora começou, sendo que podem ficar dependentes. Em relação à crise econômica, pesquisas associam períodos de crise a aumento na taxa de suicídio. Notadamente, nos EUA, na crise de 2008, houve aumento de 5% taxas de desemprego e de 8% nas taxas de suicídio (foram 4 mil casos a mais). E também pode influenciar a menor busca por ajuda profissional e de estrutura de saúde para tal – em BH, por exemplo, fecharam o hospital Galba Veloso para pacientes da saúde mental”. Com esse diagnóstico, ficamos atentos, com uma percepção maior das novas demandas que precisam de respostas, por isso os especialistas buscam medidas que minimizem tais impactos.

Esses são dados preocupantes dos efeitos psicológicos da crise global. Isso porque houve um desarranjo inesperado de muitas atividades da vida social, sem que as pessoas tivessem um preparo emocional para o enfrentamento da pandemia, de um modo geral. Além da prevenção e dos cuidados devidos, há ainda certa ansiedade pela vacinação, mesmo em caráter experimental, e tudo isso gera estresse. Por isso é necessário que estejamos atentos e possamos, cada um dentro das suas possibilidades, darmos mais atenção às crianças, adolescentes e jovens (também dos idosos), para mitigar os efeitos na vida emocional daqueles que se encontram em maior vulnerabilidade. É um dos grandes desafios de pais e profissionais da Educação, psicólogos e pedagogos, etc., buscarem meios para ajudar aqueles que não têm conseguido estrutura emocional para o enfrentamento da crise. Todo esse esforço deve começar em casa, a partir da disposição dos familiares em acolher, ouvir, partilhar, dar sentido de vida, valorizar o que há de positivo em cada dia, dar atenção, enfim, tudo o que precisa para haver uma boa acolhida.

De modo especial as crianças requerem atenção, porque elas estão em fase de descoberta do mundo, e também da alegria de viver. Não podem ficar submetidas a uma mídia que por vezes acentua as coisas negativas. Os pais precisam oferecer alternativas ás crianças, não deixando que elas fiquem o tempo todo na televisão ou na internet, ou mesmo no celular, vendo de tudo e sem discernimento para entender o que está acontecendo a sua volta. Daí a responsabilidade dos pais e da família, em estarem mais presentes, conversarem mais, e também  brincarem mais com os filhos, oferecer leituras saudáveis, que mostrem a beleza da vida, e os motivem a viver melhor, aproveitando o que há de bom na vida. Com isso, esperamos que sejam superados os impactos negativos da crise, para que possamos, aos poucos, recuperar um ânimo novo, com disposição, fé, esperança, trabalho, solidariedade e alegria. O retorno \às aulas presenciais, com protocolos seguros, fará muito bem às crianças e adolescentes que sentem muita       falta dos colegas e professores.

Valmor Bolan é Doutor em Sociologia. Professor da Unisa. Ex-reitor e Dirigente (hoje membro honorário) do Conselho de Reitores das  Universidades Brasileiras. Pós-graduado (em Gestão Universitária pela OUI-Organização Universitária Interamericana) com sede em Montreal-Canadá.

Valmor Bolan

Valmor Bolan é Doutor em Sociologia. Professor da Unisa. Ex-reitor e Dirigente (hoje membro honorário) do Conselho de Reitores das  Universidades Brasileiras. Pós-graduado (em Gestão Universitária pela OUI-Organização Universitária Interamericana) com sede em Montreal-Canadá.