GeralVia Poiesis

Como vemos o mundo?

(Uma Crônica de Joceane Priamo)

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Nós somos seres semelhantes como espécie, possuímos forças, fraquezas e sempre temos algo para aprender, no entanto, cada um traz uma série de características específicas que nos torna únicos, com nossos sentimentos, histórias e referências.  

Vocês já devem ter visto a ilustração “Existem dois tipos de pessoas” do cartunista Roberto Kroll; nessa imagem é possível notar as divergências a respeito de um mesmo assunto. Observa-se um ipê florido e dois homens tirando conclusões: um consegue enxergar a beleza das flores e o outro vê a sujeira que elas fazem.  

A vida real é exatamente assim, independente do ambiente em que você se encontra ou com quem você convive, sempre existirão pontos de vista diferentes. E está tudo bem em pensar e ser diferente, afinal, pessoas carregam bagagens, com valores, costumes e histórias de vidas que nem sempre podem ser comparadas. Uma mesma situação pode ajudar uma pessoa e atrapalhar outra, assim como, pode deixar alguém triste e outro feliz.

Quando temos um feriado no meio da semana, a data será vista na perspectiva de dois olhares: os que vão aproveitar o dia de folga para descansar e os que vão perder o lucro de um dia de trabalho. Tudo é avaliado a partir de cada circunstância. Saber lidar com essas diferenças é um desafio que envolve maturidade emocional, capacidade de compreender e ser compreendido.

Em algum momento da vida você já parou para analisar outra pessoa? Quem nunca julgou o próximo que atire a primeira pedra. Você já deve ter questionado o porquê de determinada pessoa pensar de maneira tão negativa. Muitas vezes, quando conhecemos melhor a trajetória de vida de alguém e nos colocamos no lugar do outro, compreendemos as dificuldades enfrentadas, quais foram as suas perdas, dores e desilusões que feriram, tão grandemente, aquele coração.

Quem sabe aquela pessoa que você julga ser mal-humorada passou por situações tão exaustivas que ela desaprendeu amar, esqueceu-se da esperança ou deixou de enxergar a própria beleza da vida. Nem todos recebem ajuda quando estão diante dos contratempos, nem todos conseguem manter o equilíbrio quando tudo dá errado. Não basta voltar os olhos apenas para o externo, é fundamental conhecer o que o outro vive e olhar para dentro, só assim, conseguirá perceber os motivos que levaram determinado comportamento.

Outra situação que nos leva a reflexão, refere-se àquela pessoa que é sempre positiva, disposta e com alto astral. Será que quem age de maneira tão entusiasmada é porque tem a vida perfeita? Será que somente pessoas otimistas têm a famosa “sorte” que muitos querem? Ou simplesmente, agem dessa forma porque veem a vida de forma mais leve, sem esperar ou cobrar nada de ninguém. E se aconteceu exatamente o contrário com a vida dessa pessoa que vive animada, quem sabe ela se tornou confiante porque em algum momento da vida precisou vencer enormes dificuldades, e, agora, faz cada minuto valer a pena. Novamente, surgem infinitas possibilidades de respostas, que diante das mesmas situações possuem diversas reações.

Para aquele que deseja pintar um quadro, ver um ipê florido significa ter um encontro com a beleza e garantir a inspiração, já para aquele que precisa varrer a rua todos os dias, vê as flores do chão como um trabalho árduo, pois a sujeira precisa ser removida.

Qualquer pessoa consegue perceber o mundo, o outro e os fatos a partir de sua própria realidade. Portanto, reflita: Como você vê os dias? Como você julga a vida dos outros? Se o ipê florido fosse a sua vida, olharia para ele satisfeita com suas escolhas ou notaria apenas os defeitos/sujeiras de suas experiências? O início de qualquer verdade começa com a sinceridade de quem realmente somos.

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