Comunicação

Efeito Eduardo Leite

                A declaração do Governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, na última semana em entrevista ao “Conversa com Bial” foi um terremoto que atingiu todos os lados da nação. Confesso que, por um lado, não entendi o motivo de tanta gritaria com algo que nem deveria ser assunto. Na minha opinião, isso só se justificaria por uma coisa: a coragem desse cara jovem, novo na política e, agora, um presidenciável de ainda mais respeito.

                E não me refiro a coragem de tornar pública sua orientação sexual. Isso é algo mais do que normal. Ou pelo menos deveria ser. E mais: é algo que não faz o menor sentido no que se refere a gestão pública, que é o que realmente interessa a quem é governado por ele. E também é com o que ele realmente se importa no fim das contas. Isso me lembra até uma resposta do genial prefeito de Curitiba, Rafael Greca, em uma entrevista antiga em que quiseram fazer uma piadinha sobre alguns boatos da orientação sexual dele. Vejam isso no YouTube.

                Agora, uma coisa é certa: quando falo de coragem me refiro a falar isso, em rede nacional, no país que mais mata homossexuais no mundo. Isso mesmo, que mais mata. E mata pelo simples fato de se ter essa orientação em sua vida particular. E o Eduardo, que eu já acompanhava e admirava pela sua inteligência, ponderação e desapego, conseguiu intensificar ainda mais essas características unindo-as com mais outra absolutamente essencial: a transparência. E foi transparente com algo que até não precisava, mas preferiu mostrar que não tem realmente nada a esconder. E que as brincadeiras com o assunto agora terão menos graça, pois quando o boato se forma verdade é isso que acontece.

                E o efeito disso tudo foi absurdamente positivo. Assunto mais comentado no Twitter em todo o Brasil, pauta no Jornal Nacional, capa em todos os sites de notícias. E foi aí que justamente um ponto que pesava contra a imagem e a uma possível candidatura presidencial do Eduardo Leite foi virando pó: a falta de exposição. Ele era, até então, um Governador isolado no estado mais ao sul do país. Muito jovem, com poucos cargos ocupados até agora na carreira. Ninguém não muito longe dali sequer tinha ouvido falar dele. Imagina, então, votar para Presidente? Agora isso já se tornou mais do que possível.

                Claro, ainda haverão as prévias do PSDB e tudo mais. Muito água ainda irá rolar. Mas, com uma cajadada só, Eduardo Leite matou dois coelhos enormes: a coragem da transparência em um Brasil repleto de sujeira debaixo dos tapetes e a falta de conhecimento a nível nacional. Eduardo ganhou espaço, respeito, admiradores, pessoas que se sentiram representadas e ainda reforçou seus pontos positivos muito além das fronteiras do Rio Grande.