Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo!
Em toda liturgia, rendemos à Santíssima Trindade a glória, a honra e o louvor. E também ação de graças, porque é pela obra das três Pessoas que tudo existe, que o mundo é redimido e que nós somos chamados a participar da vida eterna. Na Solenidade da Trindade, deste domingo, 27 de maio de 2018, louvaremos ao Deus uno e trino, a quem devemos tudo, e sabemos que a sua própria alegria consiste em enriquecer-nos com todos os seus dons.
A grande maioria dos cristãos tem dificuldade para entender o mistério da Santíssima Trindade. O fato é tanto mais lamentável enquanto a fé na Trindade Divina é o que distingue os cristãos das outras religiões. Por exemplo, judeus e muçulmanos partilham da fé de Abraão num único Deus, mas rejeitam a revelação, em Cristo, do Pai e do Espírito Santo. Num certo sentido, a fé na Trindade é a “carteira de identidade” do cristão.
Por que acontece isso? Como superar essa dificuldade? Talvez nossa abordagem esteja errada. Nós queremos compreender (quase abraçar ou colocar dentro do pequeno recinto da nossa mente) algo que é muito maior. Não deveríamos fazer o contrário: colocar nós mesmos dentro do mistério da Trindade. Como? Deixando que a Trindade seja o horizonte da nossa vida cristã. Não discutindo como três pessoas podem ser uma só natureza (segundo a expressão dos antigos Concílios do século IV, até hoje presente nas orações da liturgia), mas contemplando o que o Pai, o Filho e o Espírito Santo fizeram e fazem por nós.
É por isso que a Liturgia coloca a Festa da Santíssima Trindade, no domingo, depois de Páscoa e Pentecostes. Na Páscoa, reconhecemos que o Filho amado de Deus, Jesus Cristo, “amou-nos até o fim” e se entregou na cruz. Para que sua presença entre nós não terminasse aí, na vitória da maldade e do pecado, Deus Pai ressuscitou o seu Filho e nos enviou o Espírito, para que ele continuasse a ser uma presença íntima em nossas inteligências, fazendo-nos compreender as palavras e os atos de Jesus, e alimentasse em nós a energia do Amor, deste amor que deve ser da mesma natureza do Amor de Deus.
A fé no Deus Criador e todo-poderoso é a fé de Abraão, que também judeus e muçulmanos herdaram. Depois da vinda de Jesus, a nossa fé é no Deus Pai que nos enviou o Filho e o seu Espírito. O mistério da Santíssima Trindade não é uma teoria, um conceito teológico, um quebra-cabeça teológico, mas sim, a vida misericordiosa, poderosa e amorosa de Deus, vida divina que é por nós. Portanto, a melhor maneira de “pensar, refletir” a Trindade é de glorificá-la, em louvor e gratidão: Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo. Entendemos a Santíssima Trindade como uma comunidade perfeita, de amor e de comunhão. A comunidade perfeita. Nela que deveríamos olhar quando constituímos comunidades, famílias e a sociedade. A Trindade é a “melhor comunidade”, dizem os teólogos católicos.
E na solenidade da Santíssima Trindade a liturgia nos propôs a tomarmos consciência de que Deus é comunidade de amor e na comunhão com o Filho e com o Espírito Santo, ou seja, pela Trindade Santa, fonte de nosso batismo, ele veio ao nosso encontro não para nos condenar e sim para salvar e garantindo-nos a eternidade (cf. Jo 3,16-18).
Disse Jesus aos seus discípulos de outrora e hoje aos discípulos missionários da Diocese de Palmas – Francisco Beltrão: “Portanto, ide e fazei discípulos meus todos os povos, batizando-os, em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo” (Mt 28,19). No dia a dia, quantas vezes fazemos o Sinal de nossa fé, recordando o batismo? Estamos ainda rezando diariamente a Ss. Trindade: Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo, como era no princípio, agora e sempre, amém?!
Enfim, assim como a comunhão da Trindade resulta do amor, da mesma forma a união da comunidade dos discípulos, a Igreja hoje. A gratuidade deve ser a marca característica do amor cristão. Nossa fé na Trindade é a busca de corações que se amam e se querem bem, por causa da Trindade. Onde não há amor trinitário, há fofocas, desunião, injustiças, mentiras e traições. Trindade é comunhão de amor, é comunhão de corações, de almas, de pessoas que se querem muito bem.