ESPECIALISTAS DEBATEM MEDIDAS PARA RETORNO ÀS AULAS
*Prof. Dr. Valmor Bolan
Ainda permanecem as incertezas sobre a volta às aulas presenciais no Brasil. As decisões tomadas em nível local e regional divergem quanto ao modo como as aulas podem retornar. O fato é que estamos há quase um ano e meio no impasse, sendo que outros países encontraram formas para conciliar as atividades presenciais e remotas, adotando estratégias de implementação do ensino híbrido, com os devidos protocolos de segurança de distanciamento entre os estudantes, alternando as atividades em períodos com trabalho presencial e virtuais. Em muitas localidades, o retorno das aulas não será obrigatório, dando opção de escolha aos alunos, entre as aulas presenciais ou on line. Não há também convergência sobre as medidas utilizadas, variando o entendimento sobre determinados aspectos. Nem todos os estabelecimentos de ensino possuem estrutura para implementar todas as medidas indicadas por especialistas. Segundo Elida Oliveira, na reportagem do G1, “Estados apresentam falhas nos protocolos para volta às aulas, aponta pesquisa”, liderada pela professora de ciência política da USP, Lorena Barberia, doutora pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) em administração pública e governo, além de coordenadora da Rede de Pesquisa Solidária, que analisa as políticas públicas adotadas na pandemia. Fazem parte também os alunos pesquisadores Luiz Cantarelli e Pedro Henrique De Santana Schmalz, da USP. A matéria ressalta que: “Com base em oito eixos (máscaras, ventilação, imunização, testagem, transporte, ensino remoto, distanciamento, e higiene), pesquisadores da USP criaram um índice de segurança”. E acrescenta que o “uso de máscaras, álcool em gel e distanciamento físico são medidas básicas para evitar a transmissão do coronavírus, mas somente elas não garantem a segurança na reabertura das escolas. Um levantamento com dados públicos de cinco estados sobre medidas para o retorno às aulas presenciais aponta falhas nos protocolos analisados, considerando o que a ciência já apontou como seguro para impedir a transmissão de coronavírus (como o uso de máscaras e o escalonamento no transporte até a testagem)”. Nesse sentido, especifica os oito eixos. Quanto ao distanciamento, buscando evitar aglomerações, em relação ao ensino remoto, se todas as condições são atendidas no sentido de uma interação entre aluno e professor, para propiciar a relação ensino-aprendizagem adequadamente, com o devido acompanhamento das atividades. Se há produtos suficientes disponíveis para a higienização, como também a avaliação do uso de máscaras e em que condições, se há distribuição em quantidade suficiente para uso seguro, etc. Quanto às testagens, avaliaram as ações recomendadas em casos de necessidade de quarentena. Ainda estudam a possibilidade de alterar o início e o fim das aulas para evitar horários de picos. Outro ponto destacado é sobre a avaliação se as salas de aula e os espaços da escola possuem ventilação suficiente para evitar a transmissão do coronavírus, etc. Tudo isso está sendo amplamente debatidos entre pais, professores e demais profissionais da Educação, buscando meios para viabilizar o retorno às aulas, em condições que permitam o desenvolvimento das atividades. Não tem sido uma tarefa fácil conseguir o consenso dos gestores de escolas (tanto na rede pública quanto privada), para todas as medidas necessárias. Mas o importante é que haja o debate do modo mais plural e transparente, para que possamos sair superar a crise e propiciar aos alunos as melhores condições para o retorno às aulas.
Valmor Bolan é Doutor em Sociologia. Professor da Unisa. Ex-reitor e Dirigente (hoje membro honorário) do Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras. Pós-graduado (em Gestão Universitária pela OUI-Organização Universitária Interamericana) com sede em Montreal-Canadá.