Religiões

MÊS DA BÍBLIA “Desconhecer as Escrituras é desconhecer o Cristo”!

O mês de setembro para a Igreja no Brasil já é, por uma longa tradição, dedicado ao MÊS DA BÍBLIA. A data foi criada em 1971, com a finalidade de instruir os fiéis sobre a Palavra de Deus. Este ano o tema é “Para que n’Ele nossos povos tenham vida” – Livro da Sabedoria” e o lema “A sabedoria é um espírito amigo do ser humano”. São Jerônimo, presbítero e doutor da Igreja (340-420), cuja memória celebra-se no dia 30 de setembro, foi o grande tradutor da Bíblia tornando-a acessível aos seus leitores, para o latim, e, além disso, comentando-a. Em Belém, dedicou-se à Escritura por mais de 35 anos e, por mérito, Jerônimo é considerado entre os maiores doutores da Igreja e tornou-se o patrono dos biblistas. É dele a frase no subtítulo de nosso artigo: “Desconhecer as Escrituras é desconhecer o Cristo”.

Penso que podemos afirmar que sua vida, pautada pela Escritura, foi o principal motivador a fim de muitos pudessem conhecer mais as Escrituras e conhecendo-as conhecessem Jesus Cristo, e, a partir disto a Igreja do Brasil também optou pelo conhecimento, estudo, meditação, contemplação e vivência da Palavra de Deus contida nas Páginas Sagradas. Bento XVI escreveu que “quando na Igreja se lê a Sagrada Escritura, é o próprio Deus que fala ao seu povo, é Cristo presente na sua palavra que anuncio o Evangelho” (Sacramentum caritatis, n. 45).

No Livro dos Atos dos Apóstolos 8,26-40, encontramos o diálogo de Filipe e o eunuco etíope. Filipe interroga ao eunuco se ele estava entendendo o texto lido, este respondeu-lhe: “Como vou entender, se ninguém me explica?”. A partir desta resposta do eunuco poderíamos também nos perguntar: Como em nossas comunidades cristãs, nas pastorais, movimentos, catequese, liturgias, encontros bíblicos, cursos, nas homilias durante as celebrações estamos explicando as passagens bíblicas proclamadas? Explicar as Escrituras significa acima de tudo encaminhar, guiar o leitor, ou melhor, oferecer-lhe a oportunidade de conhecer, aprofundar e fundamentar sua fé na Pessoa de Jesus Cristo, seu projeto – projeto de Amor do Reino de Deus – sua morte e ressurreição.

É a capacidade de traduzir de maneira simples e compreensível a história da salvação consignada nas Escrituras para os tempos atuais. Na conclusão do texto acima referido, o eunuco, depois de ouvir as explicações da Escritura foi batizado e saiu com alegria anunciando a boa notícia em todos os povoados. Esta poderia ser uma proposta para todo os nossos diocesanos, paróquias e comunidades de fé: não basta vendermos Bíblias e divulgarmos quantas pessoas adquiriram-nas em nossas secretarias paroquiais, mas vamos explicá-las a fim de formarmos novos discípulos missionários no anúncio do Evangelho. Obviamente, quando falamos em explicar as Escrituras já está subtendido que nós a tenhamos lido, meditado, contemplado, rezado, alimentado e extraído nossa força para o nosso serviço apostólico como discípulos missionário de Jesus Cristo, ouvintes atentos de sua Palavra.

O estudo da Sagrada Escritura deve ser uma porta aberta para todos os crentes. É fundamental que a Palavra revelada fecunde radicalmente a catequese e todos os esforços para transmitir a fé. A evangelização requer a familiaridade com a Palavra de Deus, e isto exige que as dioceses, paróquias e todos os grupos católicos proponham um estudo sério e perseverante da Bíblia e promovam igualmente a sua leitura orante pessoal e comunitária. Nós não procuramos Deus tateando, nem precisamos de esperar que ele nos dirija a palavra, porque realmente “Deus falou, já não é o grande desconhecido, mas mostrou-se a si mesmo. Acolhamos o tesouro sublime da Palavra revelada” pede-nos Francisco, na Evangelii Gaudium, n. 175. Que as comunidades da Diocese de Palmas/Beltrão sejam lugares de animação bíblica da vida e da pastoral. Juntos redescubramos o contato com a Palavra, como lugar privilegiado de encontro com Cristo, em comunhão com a Igreja do Brasil.

Dom Edgar Ertl

DOM EDGAR ERTL Bispo Diocesano