BeltrãoComunicação

Nunca esquecer do que nos inspira

                Quando a gente trabalha com comunicação, principalmente na área da publicidade, volta e meia surge aquela pergunta: “o que eu preciso fazer para ser mais criativo?”. Ou, então: “o que você faz para exercitar a criatividade e ter ideias? Qual é o processo utilizado?”. Pois é, eu sempre costumo responder que a resposta é um acordo que devemos fazer consigo mesmo: nunca esquecer do que nos inspira.

                A inspiração – que é a mãe da criatividade – não é como uma luz divina que pousa sobre nossas cabeças em um passe de mágica. Ela não vem do nada. Ela vem quando é estimulada e quando se sabe estimular.

                Antes de tudo, acredito que a matéria-prima primordial para esse tipo de coisa deve ser todo e qualquer elemento que já temos em nossa volta. A vida, a nossa vida. É dela que devemos extrair tudo que sentimos que mais nos inspira, que nos faz pensar, que nos fazem sentir vivos. 

                Quando iniciei um projeto de podcast chamado “conversa”, a essência já estava muito clara na mente: falar com gente que me inspira. Trazer pessoas que passaram pela minha vida em algum momento e mudaram alguma coisinha naquilo que penso e sinto sobre algo. Tudo isso porque nada gera uma conversa melhor do que pessoas que nos inspiram. 

                Uma vez ouvi falar que, para termos alguma ideia genial, precisamos antes de tudo ter uma “musa”. No estilo daquele pintor que visualiza algo para pintar o próximo quadro ou aquele compositor que lembra daquela história de amor para escrever uma canção. Mas quando se fala em musa, não se fala apenas em uma pessoa ou situação. Nossa “musa inspiradora” pode ser um livro, uma paisagem, um programa, um autor ou alguém que amamos muito. Tudo isso está valendo, basta fazer a função de abrir nossa mente e aquecer o coração com ideias.

                Após esse momento de inspiração, vem o famoso “método Wood Allen”: anotar tudo. Escreva, escreva e escreva. Não tenho dúvidas de que as gavetas de um dos mais geniais e criativos cineastas da história, entregando um filme incrível todos os anos, é cheia de papéis, guardanapos ou seja lá o que for. E, se mesmo assim, vier aquele grande bloqueio criativo, aquele branco, aquela pane geral… o melhor remédio é parar, se afastar e relaxar. Se ter uma ideia começar a se tornar um problema, se distancie do problema. Tire o foco dali. Somos muito mais criativos quando não precisamos ser.

                Em um mundo onde temos cada vez mais medo dos robôs roubarem nossos empregos, tomarem nosso lugar e dominarem o planeta, eu não tenho medo. Na verdade, o meu maior desejo é que não nos tornemos robôs. Afinal, robôs não tem musas, não anotam, não sentem e não se inspiram em ninguém. Se inspirar é se tornar criativo. E a criatividade é o que nos faz humanos. 

                Nessa jornada maluca da vida, onde todos os dias temos a chance de conhecer ou viver algo que seja um recomeço, criatividade é inspirar outras pessoas e ser exatamente mais uma dessas chances de fazer alguém melhor em algum sentido. Hoje, quem sabe, seja esse texto.