Coluna PET

O CHOCOLATE E A INTOXICAÇÃO ALIMENTAR EM CÃES E GATOS

A “vida moderna” dos animais de estimação, com certeza, trouxe-lhes melhores condições de vida e conforto; no entanto, esta aproximação da vida e do cotidiano humano, no mesmo ritmo, colocou-os na mira de acidentes, intoxicações e de hábitos danosos à saúde.

As intoxicações alimentares são mais comuns do que parece e muitas vezes são crônicas, levando o animal a sofrer por transtornos futuros. Estas intoxicações crônicas, nas quais ocorrem ingestões constantes de baixas doses de determinadas substâncias, são imperceptíveis pelo proprietário ou tutor e podem ocasionar graves problemas de saúde, como doenças hepáticas, gastroentéricas e neurológicas. Animais que apresentam constantes quadros de diarréias, vômitos, sonolência, quedas anormais de pelos, excitação e irritabilidade, podem estar sendo alvos de intoxicações alimentares, causadas por alimentos comuns aos humanos, e que, no entanto, contenham substâncias  nocivas a eles (em maior ou menor grau).

Cada espécie animal tem características metabólicas próprias e podem, desta forma, ser mais ou menos tolerante a determinadas substâncias presentes nos alimentos, sendo que algumas espécies, comparadas aos humanos, podem ingerir algumas espécies de plantas tóxicas, sem nenhum problema ao seu organismo e delas retirarem nutrientes fundamentais ao seu desenvolvimento.

Cães e gatos são os animais de estimação ou companhia mais susceptíveis a estas intoxicações, pela maior interação com as pessoas da casa, durante a maior parte do tempo. No entanto, a exigência dos gatos, relacionada à aceitação dos alimentos, faz com que a intoxicação alimentar nestes animais seja três vezes menos frequente que em cães.

Para os gatos, os alimentos tóxicos mais comuns são: cebola, alho, chocolate, uva (natural ou passas) e alguns vegetais, como: tomate verde e batata verde ou crua.

No caso dos cães, os alimentos mais comuns a causar intoxicação são: chocolate, café, nozes, macadâmia, cebola, alho, uva (natural ou passas), bebidas alcoólicas, leite e derivados e o xilitol (substância adoçante, presente em doces e outros produtos dietéticos e em produtos para prevenção de cáries, como balas e gomas de mascar e alguns cremes dentais).

O chocolate é o principal causador dessas intoxicações (agudas ou crônicas), por ser muito apreciado e comum nos lares e, também, muito atrativo e palatável aos cães e gatos.

Na composição do chocolate há uma grande quantidade de Teobromina, sendo que esta é oriunda da manteiga de cacau (também usada como protetor labial e presente em alguns produtos cosméticos, que também podem vir a ser ingeridos pelos cães).

A teobromina pode ser extremamente nociva se ingerida em excesso. Esta substância pode permanecer no organismo de um cão por até 6 dias, por isso, o consumo diário pode levar rapidamente a quadros severos de intoxicação, muitas vezes desconsiderado na análise clínica do quadro, o que pode levar o animal a sérios danos em seu organismo, inclusive com risco de morte. A dose tóxica é algo em torno de 100 mg de teobromina/kg de peso vivo, sendo fatal perto dos 200 mg/kg. A quantidade de teobromina presente no chocolate depende de cada tipo, sendo que o chamado amargo ou meio-amargo contêm cerca de 20 mg de teobromina por grama de chocolate; o “ao leite” contém cerca de 2 mg/g e o chocolate branco contém apenas vestígios. Portanto, para intoxicar um cão de 5 kg de peso, basta ele ingerir cerca de 25g de um chocolate meio-amargo, de uma só vez, ou cerca de 50 g por dia de um chocolate ao leite, durante 6 dias. Porém, há relatos de sinais de intoxicação com dosagens muito menores que estas, pois isso depende de vários fatores.

Estatisticamente, na Páscoa e na semana que sucede, há um aumento significativo do número de casos de intoxicação, principalmente onde há crianças; portanto, mantenha os chocolates em locais onde os animais não consigam pegá-los e lembre-se: um agradinho com chocolate pode custar a saúde ou a vida de seu animal…