Teorias & Fatos Históricos

O MAU-OLHADO… EXISTE?

Quem nunca ouviu o termo… mau-olhado? Alguns chamam de olho-gordo. Em geral, é associado à inveja para destruir determinada pessoa com determinado tipo de olhar.

Desde os tempos mais remotos, muitos acreditavam que bastava um tipo de olhar para que ocorresse um feitiço. Uma suposta magia que poderia resultar em danos em quem fosse mirado. Um e outro provérbio na Bíblia faz menção a isso, incluindo alguém morrer após ser vítima dos olhos mortais. “Jesus também fez alusão a um ‘olhar mau’, observando que poderia ser possível percebê-lo na inveja, falsos elogios e hipocrisia”, frisa Michael Largo. Se fosse por isso, então a raça humana já estaria toda dizimada há milênios: pois, inveja, falsidade e hipocrisia, é algo que predomina até hoje, infelizmente.

De acordo com certas lendas, volta e meia os feiticeiros buscavam turbinar suas técnicas usando os olhos. Jogar um olhar fixo, outro cortante. Até mesmo uma remexida na sobrancelha era usada como arma mágica.

E atualmente?

Como anda o mau-olhado?

Continua firme e forte, pois a maioria ainda crê nele, como se fosse uma necessidade crer em algo ruim.

Um exemplo: “Em muitas culturas hispânicas, independentemente da religião, costuma-se colocar amuletos nas crianças, um olho de plástico preso em uma corrente, de modo que o mal de ojo lançado por vizinhos invejosos, secretamente desejando malefícios, seja repelido.” É comum na cultura italiana adotar uma pequenina pimenta avermelhada que carrega a mesma finalidade. Uma das três grandes religiões monoteístas também usa um amuleto para que os filhos sejam protegidos desde cedo do olho-gordo – “amarram uma pequena fita vermelha no berço do bebê.” Por volta dos anos 50, os americanos tinham a superstição de “que uma moeda de um centavo nova e brilhante colocada em ranhuras especialmente abertas nos sapatos das crianças em idade escolar as mantinha a salvo dos muitos maus-olhados de que eram alvo todos os dias.”

Dizer que um olhar pode causar mal a outra pessoa, é o mesmo que dizer que a pessoa com cara fechada é ruim, ou que o quem sorri está sempre alegre – aparências enganam, e muito. Não dá para julgar ninguém por causa de seu olhar ou expressão facial. Assim como é forçado sofrer de uma enfermidade e culpar fulano – “ele me jogou olho gordo!” Afirmar isso, é viver mentalmente na Idade Média rumo a Antiguidade. É como querer tratar os dentes com as mesmas técnicas ultrapassadas de cinco séculos atrás em pleno século XXI.

Hoje em dia onde muitos ainda tratam, por exemplo, os vícios das drogas em geral sendo causados por que “um espírito maligno que se apossou da pessoa”, é uma explicação tão útil quanto dizer que elefantes precisam voar de asa delta de vez em quando. O mau-olhado seria um “demônio” também? Superstições são poderosas nesse sentido: elas são enraizadas, e mesmo na atualidade, temos supersticiosos em grande número. Cada um acredita no que quiser, sim, no entanto, impor essas “verdades” (uma completa falta de respeito por sinal) para os outros, é algo complicado. Se dependesse dessas “explicações”, não teríamos nem mesmo uma simples vacina desenvolvida que salva vidas no mundo inteiro.

Superstições sempre irão existir em qualquer sociedade, já que é um fenômeno cultural – requer bom senso para discernir o que é crendice do que é fato, e isso depende de cada pessoa abrir os próprios olhos (e a mente também).

Referência Bibliográfica:

LARGO, Michael. Lunáticos por Deus: lendas, mitos e fatos. Trad. Maria Elizabeth Hallak Neilson. São Paulo: Lafonte, 2011.