Educação

O PAPA NO IRAQUE

O papa Francisco fez a sua primeira viagem internacional (de 5 a 8 de março de 2021), depois de quase um ano do início da pandemia do novo coronavírus. A viagem ao Iraque é histórica, porque pela primeira vez um líder da Igreja Católica vai até a região aonde nasceu Abraão. O papa prossegue assim com seu propósito de intensificar o ecumenismo, em diálogo constante com as demais religiões, no esforço pela paz mundial. Em ur, na terra de Abraão, o papa disse: ““ Hostilidade, extremismo e violência não nascem dum ânimo religioso: são traições da religião. E nós, crentes, não podemos ficar calados, quando o terrorismo abusa da religião. Antes, cabe a nós dissipar com clareza os mal-entendidos. Não permitamos que a luz do Céu seja ocultada pelas nuvens do ódio!” Essa foi a sua mensagem de paz, em tempos de tão grandes polarizações ideológicas, e que o papa busca agregar em vez de dividir. 

Para o papa Francisco, a mensagem da paz deve prevalecer sobre a cultura do ódio. E acrescentou: ““ Nós, irmãos e irmãs de diversas religiões, encontramo-nos aqui, em casa, e a partir daqui, juntos, queremos empenhar-nos para que se realize o sonho de Deus: que a família humana se torne hospitaleira e acolhedora para com todos os seus filhos; que, olhando o mesmo céu, caminhe em paz sobre a mesma terra”. Essa tem sido a sua pregação, desde o início do pontificado, muitas vezes incompreendido até mesmo por católicos. O fato é que as críticas do seu discurso vêm dos católicos tradicionalistas que não aceitam o diálogo com as outras religiões, temendo que haja uma instrumentalização dos credos na formação de uma nova religião mundial que destoe do verdadeiro sentido da fé católica. De qualquer forma, o papa Francisco entende, seguindo a linha de seus antecessores, principalmente depois do Concílio Vaticano II, que o diálogo se faz necessário.

O grande desafio no diálogo com as outras religiões é que cada um preserve a sua identidade. Dialogar não significa deixar de professar a nossa fé. É um desafio de encontrar pontos em comuns, naquilo que podemos fazer juntos pelo bem da humanidade, pelo bem do próximo.  O papa ainda deixou uma palavra sobre a pandemia e os desafios da atualidade, destacando: “A pandemia fez-nos compreender que ‘ninguém se salva sozinho’ (Francisco, Carta enc. Fratelli tutti, 54); mas volta sempre a tentação de nos distanciarmos dos outros. Todavia ‘o princípio ‘salve-se quem puder’ traduzir-se-á rapidamente no lema ‘todos contra todos’, e isso será pior que uma pandemia’ (Ibid., 36). Nas tormentas que estamos a atravessar, não nos salvará o isolamento, não nos salvarão a corrida armamentista e a construção de muros, que, aliás, nos tornarão cada vez mais distantes e irados. Não nos salvará a idolatria do dinheiro, que nos fecha em nós mesmos e provoca abismos de desigualdade onde se afunda a humanidade. Não nos salvará o consumismo, que anestesia a mente e paralisa o coração”. Em oração, peçamos a Deus que tenhamos sempre o discernimento, para que saibamos manter a nossa identidade, sem faltar com a caridade para com o próximo.

Valmor Bolan é Doutor em Sociologia. Professor da Unisa. Ex-reitor e Dirigente (hoje membro honorário) do Conselho de Reitores das  Universidades Brasileiras. Pós-graduado (em Gestão Universitária pela OUI-Organização Universitária Interamericana) com sede em Montreal-Canadá.

Valmor Bolan

Valmor Bolan é Doutor em Sociologia. Professor da Unisa. Ex-reitor e Dirigente (hoje membro honorário) do Conselho de Reitores das  Universidades Brasileiras. Pós-graduado (em Gestão Universitária pela OUI-Organização Universitária Interamericana) com sede em Montreal-Canadá.